Teresa Lampreia era uma jovem de 20 e poucos anos na década de 1990 quando o pai, o diplomata Luís Felipe Lampreia, assumiu o posto de embaixador do Brasil em Portugal. Foi nessa época que começou a estudar comunicação na Universidade Nova de Lisboa, entrou no mundo do cinema e do audiovisual, de onde não saiu mais."Eu concluí o curso em 1995, esse ano faz 30 anos. Nossa, estou até arrepiada", diz durante a entrevista ao DN Brasil, ao se dar conta da data. "Volto 30 anos depois, para lançar um livro, já num novo começo da minha vida", completa.O livro 'Somos Feitos de Histórias' vai ser lançado nesta terça-feira, 2 de dezembro, na livraria Martins, no mercado Time Out, em Lisboa, às 18h, num evento que Teresa considera como "uma benção". Foi em Portugal "que começou a minha formação intelectual", afirma.Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!O livro aborda elementos fundamentais sobre a indústria de entretenimento de impacto social, vertente com a qual Teresa teve os primeiros contatos após o sucesso da novela O Clone, uma das obras que dirigiu na TV Globo. "O Clone teve três grandes questões de impacto social. A gente ganhou um prêmio no FBI dos Estados Unidos, e no FDA, pela campanha de dependência química. A questão do core, da ciência, da clonagem humana. E esse grande soft power da divulgação da cultura muçulmana", relembra a diretora."A Globo foi uma escola muito grande, foram 25 anos, eu tenho muita gratidão. E foram muitas histórias com o Manuel Carlos também, que tratou sempre de assuntos muito importantes, como a deficiência física, mas eu não tinha entendido ainda o entretenimento de impacto social enquanto indústria", confessa.Foi só quando deixou a emissora, em 2019, com uma mudança para Los Angeles, que a chave virou. "Entendi o entretenimento de impacto social lá como indústria, como networking. Como as faculdades, a USC, o CLA, tem uma área só de entertainment, social change. Eu tenho uma amiga que tem o Oscar das pessoas com deficiência. Vi produtoras que só fazem entretenimento de impacto social. E quando eu volto pro Brasil, eu entendo que as pessoas acham que é caridade, que não é indústria. E aí, eu senti essa dor e essa necessidade de escrever o livro pra dar conhecimento e gerar mudança, né? Há dois anos que eu venho escrevendo o livro. E agora, eu tenho a honra de ter esse lançamento em Lisboa, abençoado pelos astros e pelo destino"..Além de O Clone, Teresa Lampreia também assinou a direção, entre outros, da novela Páginas da Vida, da minissérie A Casa das Sete Mulheres, e dá a Portugal o crédito pelo seu percurso no audiovisual. "Portugal foi muito importante intelectualmente na minha formação de cinema. Eu tive um professor, João Mário Grilo, e o João Costa, que era até diretor da Cinemateca de Lisboa, que foi um documentarista. Tive uma formação intelectual muito forte em cinema. E eu cheguei na Globo inexperiente na parte técnica, mas eu tive muito conhecimento", recorda sobre os primeiros anos de trabalho.Além disso, o retorno também é celebrado como um resgate da própria origem. "Eu venho de quatro gerações de diplomatas. Meu pai, meu avô, meu bisavô e meu tataravô, que era um diplomata português que foi para o Brasil", diz, em referência ao conhecido como Conselheiro João Camelo Lampreia, que nasceu na Ilha da Madeira, no final do século XIX, e emigrou para o Brasil, tornando-se chefe da diplomacia portuguesa no país."Portugal também tem essa relação tão profunda com o Brasil e eu sempre quero aprimorar, sabe? E eu acho que o entretenimento é esse soft power, a diplomacia invisível, que sempre vai trazer essa união, e assim, a potência da união verdadeira, de redes mais fortes. Sempre positivamente", completa..O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil..Imigração. "A literatura pode ser uma ferramenta que ajuda a sociedade a perceber o outro”, diz Alberto Santos.José-Manuel Diogo: “O programa do FliParaíba reflete a diversidade e a riqueza da língua portuguesa”