Diáspora LX: nova associação quer unir imigrantes e portugueses através da cultura
Ao DN Brasil, o mineiro Victor Ribeiro, um dos membros do coletivo, falou sobre as expectativas do projeto para o próximo ano.
Texto: Nuno Tibiriçá
Ser DJ, designer gráfico, professor de forró e vez ou outra trabalhar em bares ou restaurantes pareceu não ser ocupação suficiente para o mineiro Victor Ribeiro, nascido e criado em Belo Horizonte, e radicado em Lisboa há cerca de dois anos e meio. "Eu faço mesmo muita coisa", conta com alegria em entrevista ao DN Brasil o mineiro que, de alguns meses para cá, adicionou mais um importante tópico para sua lista de afazeres: a Associação Diáspora LX.
Um dos principais focos da nova entidade é dar oportunidades para artistas imigrantes. "Nós somos nove sócios fundadores, não só brasileiros, mas temos também entre os integrantes uma alemã, uma espanhola e portugueses. O princípio do nosso projeto é dar visibilidade e oportunidade à artistas imigrantes e produzir eventos culturais desde workshops, até atividades como dança, teatro, música etc. No fundo, queremos criar uma comunidade que una pessoas de diferentes nacionalidades em Lisboa através da cultura", explica Victor.
A associação teve o eevento oficial de lançamento há pouco menos de um mês, no dia 16 de novembro, quando a festa "Raízes" conquistou o público na Fábrica Braço de Prata. Enquanto ainda não encontra uma sede oficial, tarefa ingrata para qualquer coletividade que seja criada em Lisboa nos tempos atuais, é através de espaços como a Fábrica que os integrantes tentam fazer a Diáspora Lx deslanchar.
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Os planos já estão traçados. "Sem lugar físico, nossa ideia é ir fazendo essas parcerias e a primeira foi um sucesso. Claro que a gente acreditava no potencial, mas foi ainda melhor do que esperávamos: conseguimos 60 novos associados nesse dia", diz com orgulho o brasileiro, que explica que as cotas dos sócios tem um valor simbólico de €5 por ano. Em breve, um site da associação estará disponível para quem quiser apoiar o projeto: "Queremos que cresça porque a ideia não é só dar espaço para os artistas, mas também ajudá-los financeiramente", destaca.
Nesta primeira edição, a Diáspora LX contou com nomes conhecidos do público do DN Brasil. Kali Peres, do Coletivo Gira, foi a responsável pelo "Samba da Kali" e o Bloco Oxalá também foi uma das atrações do evento. André Piteiras, aliás, criador do Oxalá é outros dos membros dos órgãos sociais da associação. Após a festa "Raízes", a Diáspora agora prepara o calendário do próximo ano, no qual já tem garantidas três festas para os primeiros meses, sendo que no início de março há uma edição especial de Carnaval.
Além das atividades culturais, outros dois pontos que serão fundamentais para o funcionamento da Diáspora LX são os apoios psicológicos e jurídicos. "Vamos fazer parcerias com psicólogos, psiquiatras, para que a gente possa ter um atendimento, quer seja em grupo, quer seja individual, que atenda o maior número de pessoas possível. Além disso, queremos ter também uma advogada de imigração na associação que possa dar esse suporte em questões burocráticas e de integração, outro dos nossos focos", conta.
Cabe aqui a curiosidade que, apesar de ser composta em sua maioria por imigrantes, o presidente da Diáspora LX é português, mas com pézinhos - pelo menos de dança -no Brasil. "Conheci o Gonçalo (Filipe, presidente da associação) nas minhas aulas de forró. Aliás, a maioria dos alunos eram portugueses. Acho que é importante essa integração, são pessoas que estão do nosso lado, levantam nossas bandeiras, ao mesmo tempo que tem mais conhecimento da lei e podem ter mais facilidade para fazer a associação alavancar", entende Victor.
Ainda no início de sua caminhada, a Diáspora quer que o próximo ano seja de consolidação do projeto. Para Victor e todos os membros, a expectativa para 2025 é grande. "Estamos muito engajados em entender as necessidades, não só dos imigrantes, mas também dos portugueses e pessoas de qualquer nacionalidade que habite em Lisboa. Claro que os europeus tem menos dificuldade, mas todo mundo tem seus problemas, a cidade passa por diversas questões como a moradia, o afastamento das pessoas do centro e da cultura. Nós, enquanto brasileiros, podemos dar o nosso contributo para a cidade, temos uma cultura muito vasta. Espero que o projeto se consolide e que em breve tenhamos boas novidades para para passar", finaliza Victor.
Confira fotos da festa de lançamento da Diáspora LX
nuno.tibirica@dn.pt