Diáspora Fest: um fim de semana no parque em Leiria ao ritmo e sabores do Brasil
O objetivo foi cumprido: ter dois dias de atividades culturais gratuitas para toda a família e a promoção da contribuição dos imigrantes na cidade.
Texto: Amanda Lima
Fotos: Nuno Brites / Global Imagens
A terceira edição da Diáspora Fest em Leiria ocorreu no fim de semana, com a passagem de milhares de pessoas na programação do evento. Promovido pela associação Global Diáspora, as lideranças avaliam que o objetivo foi cumprido: ter dois dias de atividades culturais gratuitas para toda a família e a promoção da contribuição dos imigrantes na cidade.
“Os imigrantes são um contributo muito importante para a cidade”, avalia ao DN Brasil Gonçalo Nuno Bértolo Gordalina Lopes, líder municipal de Leiria. O presidente da Câmara visitou os estandes e, pela primeira vez, provou caldo de cana. O produto, iguaria popular entre brasileiros, foi uma das novidades da festa.
Maria Edite Rodrigues estreou a máquina de moer cana recém comprada. “Eu queria fazer algo diferente, então pensamos no caldo de cana, depois de muita pesquisa”, conta a imigrante, que vive em Leiria há cinco anos. Ao lado do marido Jaime Santos, português que morou muitos anos no Brasil, relata ao DN Brasil que a experiência foi um sucesso.
“É como voltar um pouquinho pra casa”
A curitibana Camila Pacheco, avalia que a Diáspora Fest é “como voltar um pouquinho pra casa”. Vivendo em Leiria há mais de quatro anos, diz que não pretende mudar de cidade. “Leiria é completa, tem paz, segurança, a calmaria de uma cidade pequena e também tudo que encontramos em uma cidade grande”, ressalta a empresária da área de construção civil.
Camila admite que influenciou “um pouquinho” a vinda da amiga de longa data Thayssa Borges, que acaba de completar um ano em Leiria. “Amei a cidade, queremos morar aqui para sempre” relata.
O Parque do Avião, uma área arborizada, central e ao lado do rio Lis, sedia a festa desde a primeira edição. Geraldo Oliveira, presidente da associação de imigrantes Global Diáspora, ressalta que o apoio de parceiros, brasileiros e portugueses, é essencial para a realização da festa. A Câmara Municipal também apoia a iniciativa e contribui em várias áreas.
Geraldo tem como lema “não somos carentes, somos potentes” e acredita na força do associativismo como forma de integração. Por pouco, o evento não foi interrompido no domingo.
O começo das atividades, pouco depois das 13h, foi marcado por gritos de “Brasileiros fora” e hostilização de quem passava. Num megafone, estava Afonso Gonçalves, líder do movimento extremista Reconquista. Os elementos foram contidos pela Polícia de Segurança Pública (PSP), chamada ao local. Todas as ações foram filmadas pelo próprio Afonso. “Os primeiros a chegarem lá para nos defender foram os portugueses”, conta Geraldo.
O presidente tentou conversar com um dos integrantes, que estava vendendo produtos com a marca do grupo Reconquista. “Eu disse que ia comprar, entreguei 10 euros. Quando pedi a factura, ele recuou”, conta. O brasileiro vê esse tipo de movimento extremista como perigoso, mas a resposta ficou por conta da integração: a festa seguiu como planejada, de forma pacífica, ordeira e, acima de tudo, com alegria.
amanda.lima@dn.pt