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Detonautas em Lisboa mostram que o rock está vivo
Noite teve casa lotada em Lisboa. Foto: Paulo Alexandrino.

Detonautas em Lisboa mostram que o rock está vivo

A banda brasileira esteve pela primeira vez em Portugal, iniciando a também primeira turnê europeia - e promete que não será a única.

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por DN Brasil

Texto: Amanda Lima
Fotos: Paulo Alexandrino

Se há quem diga que o rock morreu, ao menos o rock brasileiro está bem vivo. O show dos Detonautas na noite de sábado (12) em Lisboa foi a prova de que os acordes de guitarra fazem sucesso e continuam embalando grandes noites de várias gerações. A banda brasileira esteve pela primeira vez em Portugal, iniciando a também primeira turnê europeia - e promete que não será a única.

"Eu acho que, de alguma maneira, tudo tem seu tempo de verdade. A gente veio no melhor momento da banda. A gente poderia ter vindo aqui antes, mas talvez não tivesse tão experiente, ou talvez não tivesse com um repertório tão forte, ou talvez não tivesse em um bom momento mental", diz o vocalista Tico Santa Cruz, em entrevista exclusiva ao DN Brasil. Segundo o líder da banda, o público brasileiro em Portugal "estava carente" de uma banda de rock.

Os fãs concordam. Flávia Renata e Renato Vasconcelos, imigrantes brasileiros que moram em Portugal há dois anos, estavam na grade para ver os Detonautas de perto. "Acho que tem que resgatar um pouco dessa cultura que a gente tinha nos anos 2000, do rock n'roll, que está se perdendo. Shows como esse são bons pra reavivar e juntar a galera, acho que é inclusivo e importante", destaca Renato.

Flávia e Renato assistiram Detonautas pela terceira vez.

Este foi a terceira vez que assistiram ao show da banda e, nesta noite, vieram de Santarém para a apresentação. "Tem poucos shows de rock brasileiro aqui, quando tem, temos que aproveitar", explica Flávia. Para Tico Santa Cruz, iniciar a tour na Europa por Portugal é o primeiro passo de um plano de fortalecer o rock em Portugal e em outros países de língua portuguesa, além de conquistar novos públicos.

"Queremos construir uma ponte até o público português também, que é um público importante para a gente. Nos anos 2000 fizemos sucesso aqui com as músicas nas novelas, mas a gravadora na época não quis investir em uma vinda para a Europa. Acho que foi um equívoco enorme, mas nunca é tarde e a gente está aqui pra isso", ressalta o vocalista. O show foi uma mistura das músicas mais conhecidas da banda - que completou 20 anos - além de clássicos do rock brasileiro e misturas que, há anos, poderiam ser vistas como inusitadas. Durante mais de uma hora, não houve uma só música que o público não acompanhasse do início ao fim.

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Leandro e Leonardo, O Rappa, Charlie Brown

O set teve sons como Quando o sol se for, Tênis roque e o Retorno de Saturno, em uma mistura de músicas nas versões acústica e com guitarra. A noite também foi uma homenagem e uma forma de dar vida longa ao rock do Brasil, em versões de A Minha Alma, de O Rappa e Zoio de Lula, do Charlie Brown Junior. Empolgados, tocaram também Metamorfose Ambulante, do Raul Seixas e Tempo Perdido, do Legião Urbana - esta última fora do repertório e improvisada com a animação do público.

A banda também tocou uma versão em blues de Um Sonhador, da dupla sertaneja Leandro e Leonardo, um clássico da música brasileira. "Existe muita rivalidade na música que não deveria existir. Eu mesmo já tive preconceito com alguns gêneros, mas eu amadureci. A música que é boa dura no tempo e não gênero", disse Tico no palco. A música faz parte do esforço da banda em expandir os horizontes musicais e alcançar novos públicos.

A canção Aposta, uma das mais recentes dos Detonautas, foi acompanhada de um discurso do vocalista sobre "ir atrás dos sonhos e objetivos" e em uma fala ajustada ao público imigrante que o assistia. "Nós lutamos pra chegar até aqui e vocês também, vindo pra outro país e batalhando", destacou, sob aplausos. "Nós temos algo em comum com vocês, que é fazer a parada dar certo. Nós chegaremos ainda em vários lugares e vocês serão as primeiras pessoas a fazer acontecer isso", complementou o músico.

Outro ponto alto do show foi a participação da cantora Mariana Mug, de 28 anos. Nesta semana, a imigrante estava cantando na Baixa-Chiado quando viu os membros da banda por ali. Não pensou duas vezes e começou a cantar uma música dos Detonautas. Eles ouviram e se juntaram à artista para cantar Você me faz tão bem.

"Eu não fazia ideia de que aquele dia que saí para cantar ia encontrar eles", contou Mariana ao DN Brasil. Ela foi convidada pelos artistas para fazer uma participação especial na apresentação em Lisboa. "A Mariana representa todos os artistas brasileiros em terras lusitanas", declarou Tico no palco.

A saideira do show foi Outro Lugar, possivelmente a música de maior sucesso da banda, estendida por vários minutos em acordes de guitarras e na bateria entre aplausos e gritos do público "Uh é Detonautas, uh é Detonautas". A julgar pela noite, o rock está bem vivo e bem de saúde.

amanda.lima@dn.pt

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