Da tela da Globo para o palco em Oeiras: Miriam e Roberto estão em casa em Portugal
Em conversa com o DN Brasil, o casal de atores conta os detalhes da vida em Portugal, mudança feita para "desacelerar" um pouco, mas que abriu a porta para produções no teatro nacional. Já são quatro peças, sempre com sala cheia, e vem mais por aí.
Texto e entrevista: Caroline Ribeiro
A sintonia de Miriam Freeland e Roberto Bomtempo é inquestionável. O casal faz dupla no amor e também na profissão. Os dois são atores e produtores, têm no currículo telenovelas globais, peças de teatro e filmes. Tudo construído ao longo de décadas de trabalho, que, mesmo sendo uma paixão evidente dos dois, não é sempre a prioridade. A mudança para Portugal demonstra bem.
Em 2013, depois de uma experiência de sete meses vivendo em Londres para estudar, com os filhos ainda pequenos, o casal decidiu que morar fora do Brasil por um período mais longo era um plano a ser realizado. Portugal apareceu como opção não por acaso. Roberto já tinha um bom relacionamento com a terrinha.
"A mãe da minha filha mais velha é portuguesa, não de nascença, mas o pai dela é português, o meu ex-sogro. Então conheci Portugal muito através deles. E tive uma relação muito boa com familiares, primas e tudo deles. Também tinha essa questão da língua, no sentido de poder trazer o teatro ou fazer alguma coisa, sem pretensões. Na verdade, a gente queria desacelerar um pouco profissionalmente também", conta o ator ao DN Brasil.
A preparação começou logo em seguida e, em 2020, a família embarcou rumo à Portugal. "Inicialmente, a gente projetou dois anos. Só que aí a gente foi gostando, foi ficando bom. A gente falou, então vamos ficar mais um ano letivo do Miguel. Maria se formou na Escola Técnica de turismo de Lisboa, já foi trabalhar logo. E o Miguel fechou o quarto ano dele escolar aqui, e agora estamos começando mais um. Mas é sempre assim com calma", diz Miriam.
Calma, aliás, é o que o casal, que deixou "o caos do Rio de Janeiro", como brinca a atriz, encontrou em Oeiras, onde vive desde que chegou. "Fomos tão bem recebidos, É um lugar muito tranquilo, né? E gente veio em busca de tranquilidade", completa Miriam.
"Eu dirigia novela há muitos anos, não aguentava mais, então vamos para um local onde a gente possa ser menos conhecido, passar mais batido, ficar mais calmos", conta Roberto Bomtempo.
A vida em Oeiras tem sido o que a família buscava, de calma e mais tempo para apreciar os momentos juntos. No entanto, a oportunidade de produzir em terras lusas surgiu e foi abraçada pelo casal. Miriam e Roberto encontraram no Teatro Independente de Oeiras uma nova casa e é lá que têm garantido sala lotada sempre que entram em cena.
A primeira montagem foi a peça O Diário de Pilar na Grécia, baseada no livro da também brasileira Flávia Lins e Silva, um "sucesso entre adultos e crianças", contam. Depois, veio o drama Tomo Suas Mãos nas Minhas, uma nova temporada de Pilar e, no começo deste ano, a comédia A História de Nós Dois.
"Expandir as nossas possibilidades teatrais aqui é um desejo. A gente sabe que é um mercado pequeno, a gente já entende um pouco a cena teatral portuguesa agora, mas queremos sair de Oeiras para chegar a Porto, Braga, Setubal, com espetáculos que as pessoas gostam. Muitas pessoas lembram da gente da televisão, ficam felizes, mas tudo isso com calma", diz Roberto.
Embora o teatro seja o protagonista da vida profissional dos dois em Portugal, a presença diante das câmeras não fica de lado. Miriam Freeland está gravando a estreia dela na televisão nacional, na TVI, fazendo parte da próxima temporada de Morangos Com Açúcar, um sucesso jovem do país. Roberto atuou Para Sempre, novela também da TVI, e em PRAXX, uma série nacional disponível na Amazon Prime.
Em breve, a dupla vai estrear uma sequência da história de Pilar. No mês de setembro, O Diário de Pilar na Amazônia, produção que já fizeram no Brasil, entra em cartaz no Teatro Independente de Oeiras. Mais um desafio na vida desse casal que, apreciando a calma depois do caos, promete ir fazendo dessa nova casa um lar onde a cultura, de Brasil e Portugal, é valorizada.
caroline.ribeiro@dn.pt
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