Quando decidiu que trocaria Belo Horizonte (MG) por Lisboa, Edson Romano ainda não sabia que sua trajetória em Portugal traria transformações inovadoras naquele que é um dos mercados mais falados no país atualmente: o imobiliário. Nos últimos anos, Portugal tem atraído um número crescente de estrangeiros em busca de moradia, impulsionando - e encarecendo - o setor ao mesmo tempo que aumenta a demanda por processos mais ágeis e seguros. Ao contrário do que acontece em outros países, no entanto, o setor imobiliário português ainda não adotou amplamente uma prática muito comum no Brasil, as de vistorias detalhadas antes da compra, venda ou aluguel de imóveis. Foi justamente nessa lacuna que Edson Romano enxergou uma oportunidade de negócios.“Aqui em Portugal praticamente não existe cultura de vistoria imobiliária. O que ainda se faz é a vistoria com prancheta, algo que no Brasil já começamos a modernizar há anos. Nossa proposta é trazer um serviço mais profissional e tecnológico, que garanta mais segurança tanto para quem aluga quanto para quem compra um imóvel”, explica ao DN Brasil Edson Romano, diretor de expansão da Península Ibérica da Rede Vistorias, empresa especializada nas chamadas "home inspections" e já atuante em diferentes regiões de Portugal desde o ano passado.A história da empresa - que tem como CEO o empresário Enrico Dias - começou em 2012, quando os fundadores criaram um aplicativo para imobiliárias registrarem digitalmente as condições dos imóveis, evitando disputas entre locadores e inquilinos. Com o tempo, a startup passou a realizar as vistorias diretamente, aumentando cada vez mais o poderio digital das vistorias e crescendo até se tornar uma franqueadora. Hoje, a empresa opera em mais de 800 cidades brasileiras, com 142 unidades e mais de 1.300 vistoriadores, realizando cerca de 20 mil vistorias por mês.Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!A chegada ao mercado português foi planejada estrategicamente. “Portugal foi escolhido para ser o primeiro país da expansão internacional exatamente porque há uma ausência desse tipo de serviço. Nos últimos anos, no entanto, com a chegada de muitos estrangeiros, especialmente brasileiros, americanos, britânicos e franceses, que já têm esse hábito das vistorias, a demanda está crescendo”, comenta Edson.Antes da mudança para a Europa, o empresário ainda não pensava que seu trabalho por aqui seria o de modernizar o mercado imobiliário português. Na verdade, ao longo de sua carreira, o trabalho de Edson rondava uma outra paixão dos brasileiros e objeto de desejo de muitas pessoas: carros. “Minha família toda trabalha com concessionárias, trabalhei no ramo por quase 25 anos e alguns anos atrás começamos a pensar nisso de morar fora. Minha esposa, que é bióloga e doutora em imunologia trabalhava na Fiocruz, sempre sonhou em morar na Europa. Começamos então a planejar a mudança, quando um familiar meu, que trabalhava na Rede Vistorias, comentou sobre a ideia da expansão da empresa para a Europa. Começamos a conversar e acabou que virei um dos sócios da empresa e responsável pela operação aqui”, relembra.O empresário conta ter percebido que havia um mercado promissor por aqui e viu na expansão da Rede Vistorias a oportunidade perfeita para empreender em um país com o mercado imobiliário em franco crescimento. A operação portuguesa da empresa, sediada próxima à região do Marquês de Pombal, em Lisboa, começou em junho de 2024, e já conta com as suas primeiras franquias nas regiões de Oeiras e Cascais, com uma terceira unidade prestes a inaugurar no Porto. O próximo passo será a expansão para a Espanha. “Na Espanha nós vamos procurar um master franqueado, não vai ser a própria empresa. Mas um dos próximos passos é ir para lá”, afirma Edson.Desde que iniciou as operações em Portugal, o empresário conta que entre a maior parte dos clientes que utilizam os serviços da Rede Vistorias estão os americanos e os brasileiros que ainda não se mudaram para o país. “Para quem faz uma compra para viver, de investimento ou até mesmo contrato de aluguel a distância, contratar um serviço de vistoria é uma prática fundamental”, entende Edson.Com quase dois anos de Portugal e caminhando para o primeiro à frente das operações da Rede Vistorias na Península Ibérica, o mineiro vê a empresa ser cada vez mais acionada por importantes imobiliárias portuguesas, como a Remax e a Century 21. Além da boa relação com empresas portuguesas, Edson vê na Rede Vistorias uma possibilidade de ampliar relações com outros empreendedores brasileiros em Portugal - tanto as franquias de Oeiras e Cascais, quanto a do Porto, são de empresários brasileiros.Para o empreendedor, o percurso de sucesso na terrinha até agora está diretamente ligado ao investimento na tecnologia a profissionalização do serviço que, segundo Edson, são os diferenciais da Rede Vistorias e os pilares que fizeram a empresa se consolidar no mercado brasileiro. “Aqui, ainda se faz muito na base da confiança verbal, mas um laudo detalhado evita disputas e protege tanto o proprietário quanto o inquilino. Nosso sistema permite um registro completo, com fotos e documentação digitalizada, garantindo total transparência”, explica o empresário.A aposta do grupo é que o modelo se torne um padrão no mercado português, especialmente com o já mencionado aumento da presença de investidores internacionais e locatários estrangeiros que já estão acostumados com a prática. Até agora, a avaliação é positiva. “Temos um histórico de sucesso no Brasil e acreditamos que Portugal está pronto para essa transformação. Dentro do nosso plano de negócio, a operação está caminhando mais ou menos dentro do que nós planejamos, a curva está positiva em questão de rendimentos. Mas o mais importante é que a aceitação aqui em Portugal está sendo muito boa para uma coisa nova e o feedback das vistorias realizadas também tem sido bom”, finaliza Edson.nuno.tibirica@dn.ptO DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil.