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Crônica: agosto, mês do des...canso
Foto: Amanda Lima

Crônica: agosto, mês do des...canso

"Nós, brasileiros, estamos mal-acostumados com esta urgência em aproveitar o Sol, porque sabemos que, se ele desaparecer por um fim de semana, logo estará de volta".

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por DN Brasil

Texto: Raphael Lima

Agosto em Portugal é sinônimo de um fenômeno que se espalha pelo país, exceto no Algarve: férias coletivas. Enquanto no Brasil o serviço público, por exemplo, tem lá seus recessos esporádicos, aqui parece que todos tiram férias ao mesmo tempo: o moldureiro, o restaurante, o marceneiro, o padeiro. Em agosto, nada funciona.

"Estamos de férias de 10 a 30 de agosto", "Férias: voltamos dia 2 de setembro", "Mês de agosto estaremos de férias, voltamos dia 4 de setembro". E por aí vai. Logo no início do mês, desviei do meu caminho habitual para comprar doces numa padaria que frequento e dei com a cara na porta: "Voltamos dia 26 de agosto". E há exemplos tanto em áreas mais afastadas como nas principais regiões da capital. Ninguém mexe com o agosto português.

No Brasil, embora exista a máxima de que o ano só começa depois do Carnaval, é raro encontrar um estabelecimento fechado de janeiro a março. Sendo do Rio de Janeiro, lembro-me de um único caso: uma lanchonete na Zona Sul que encerrava, em agosto, para férias coletivas. O dono? Pasmem: era português.

Aqui, há esta ideia enraizada de que todos têm direito ao Sol. Agosto, sendo o mês mais quente, é também o período em que as aulas ainda não recomeçaram. As praias lotam. A capital se esvazia. Há vagas para estacionar, ninguém tem pressa. O calor parece anestesiar. É o ar do Saara que aquece e acalma.

Nós, brasileiros, estamos mal-acostumados com esta urgência em aproveitar o Sol, porque sabemos que, se ele desaparecer por um fim de semana, logo estará de volta. Em Portugal, contudo, o clima é uma questão mais delicada. Apesar de ser mais ensolarado que boa parte da Europa Central e do Norte, o país tem invernos rigorosos. Em 2018, por exemplo, dados da Eurostat apontam que entre os países com as maiores taxas de pessoas sem condições de pagar para aquecer suas casas de forma adequada, Portugal ocupava a quinta posição, com 19%, atrás de Bulgária (34%), Lituânia (28%), Grécia (23%), Chipre (22%), e seguida pela Itália (14%).

Voltando a falar de agosto, o clima tropical ainda leva a melhor. Em 2023, por exemplo, Portugal registrou uma média de 24,47 graus Celsius, no que foi o quinto agosto mais quente desde 1931, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera. No Brasil, mesmo em pleno inverno, o calor se impôs: só no dia 21 de agosto de 2023, o país registrou o maior número de municípios com temperaturas iguais ou superiores a 40°C. Os dados para São Paulo do Instituto Nacional de Meteorologia, por exemplo, dizem que as temperaturas máximas médias foram de 25,9°C, 1,4°C acima da média histórica de 24,5°C. 

De calor o Brasil entende. Falta só organizar melhor as férias de verão no inverno também. 

Raphael Lima. Foto: Reinaldo Rodrigues / Global Imagens

Raphael Lima nasceu no Rio de Janeiro, em 1986. Fez sua estreia na ficção com Muitos São Chamados (Editora Durango, 2020). É fotojornalista e criador do projeto Sociedade Dividida, pelo qual já lançou os livros Sociedade Dividida - Terra Santa (Independente, 2015) e Sociedade Dividida - Iugoslávia (Ímã Editorial, 2018). Vive em Lisboa desde 2015.

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