Confira um glossário pt-br para não cometer gafes
Muitos brasileiros que chegam a Portugal surpreendem-se com certos termos e demoram a assimilar as palavras empregadas aqui.
Texto: Paulo Markun
O português tem peculiaridades e diferenças nos vários países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Muitos brasileiros que chegam a Portugal surpreendem-se com certos termos e demoram a assimilar as palavras empregadas aqui.
Há também diferenças significativas na pronúncia. Em Portugal, é geralmente mais fechada e enfatiza as consoantes, enquanto, no Brasil, costuma ser mais aberta e com ênfase nas vogais.
Apesar de a pronúncia das vogais, em geral, ser semelhante, há algumas diferenças. Em Portugal, as vogais “e” e “o” costumam ser pronunciadas com um som mais fechado do que no Brasil. Em Portugal, “s” soa como “sh” ou “j” em algumas palavras, mas no Brasil é sempre “s”. “Festa” soa como “féxta” em Portugal, mas como “festa” no Brasil.
A pronúncia do “r” também muda bastante de um país para o outro, inclusive nas regiões de cada um. Em Portugal, de modo geral, a letra “r” é pronunciada como um “r” rolado, enquanto no Brasil a pronúncia geralmente é feita de uma só vez.
O escritor Eça de Queiroz dizia que o português no Brasil fala-se com açúcar. Mas as diferenças vão além do sotaque. O que muitos não sabem é o fato de que a língua acabou por ser o único idioma de mais de 200 milhões de brasileiros por conta de uma determinação oficial publicada em 3 de maio de 1757, com a assinatura do irmão do marquês de Pombal, Francisco Xavier de Mendonça Furtado.
Nos séculos XVII e XVIII, o principal idioma falado no contexto do Brasil colônia, superando o português, era a chamada língua geral, empregada pelos bandeirantes paulistas. Muitos nomes de rios, vilas e cidades do interior de São Paulo, Goiás, Maranhão, Ceará e Amazonas resultaram do uso da língua geral.
Formada a partir da evolução histórica do tupi antigo, dividia-se em dois ramos: a língua geral setentrional (também chamada língua geral amazônica) e a língua geral meridional (também chamada língua geral paulista). A língua geral setentrional deu origem no século XIX ao nheengatu, que ainda é falado atualmente no alto Rio Negro, na região fronteiriça entre Brasil, Venezuela e Colômbia. A língua geral é considerada extinta atualmente
O alvo da determinação de 1757 eram os jesuítas que acabaram expulsos do Brasil e sua gestão dos indígenas, que admitia a língua geral, cujo resquício é o sotaque peculiar dos caipiras de São Paulo, além de muitos termos de origem indígena.
Deixando de lado a revisão histórica, aqui está uma lista de termos de uso corrente que são distintos hoje em Portugal e no Brasil:
Aguentar nas canetas: cansado
Apelido: sobrenome
Assembleia Municipal: Câmara de Vereadores
Autocarro: ônibus
Autoclismo: descarga
Azeiteiro: brega, cafona
Banheiro: salva-vidas
Berma: acostamento
Bica: cafezinho
Bicha: fila
Bocado: pouco
Brutal: intenso
Bué: muito
Cacete: pão
Caducado: vencido
Câmara Municipal: Prefeitura
Camisola: blusa de frio ou camiseta de time de futebol
Carrinha: van
Carta de Condução:carteira de motorista
Cartão do Cidadão: documento de identidade
Casa de banho: banheiro
Cena: coisa (quando usado de forma genérica - fui buscar uma coisa/fui buscar uma cena)
Centro de Saúde: posto de saúde
Coima: multa
Comboio: trem
Concelho: município
Contraordenação: infração
Constrangimentos: problemas
Cueca: calcinha feminina
Deitar fora: jogar fora
Descapotável: conversível
Desporto: esporte
Ecrã: tela
Eléctrico: bonde
Empregado de mesa: garçom
Estou/estou sim: alô (ao telefone)
Explicador: professor particular
Fatura: nota fiscal
Fato de treino: moleton
Fiambre: presunto cozido
Finanças: Receita Federal
Fixe: legal
Gajo ou Gaja: garoto ou garota
Giro: bonito
Guarda-redes: goleiro de futebol
Hospedeira: comissário de bordo
Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT): Detran
Instituto dos Registos e do Notariado: Cartório
Junta de Freguesia: Subprefeitura
Levantamento de dinheiro: saque bancário
Loja do Cidadão: local que agrega diversos serviços públicos
Malta: galera
Manuais Escolares: apostilas escolares
Morada: endereço
NIF/Contribuinte: CPF
NISS: inscrição no INSS
Número de Utente: número do cartão SUS
Ordenado: salário
Passadeira: faixa de pedestres
Pastilha elástica: chiclete
Part-time: trabalho parcial
Peão: pedestre
Prego: bife no pão
Presunto: presunto cru
Propina: mensalidade
Puto: menino
Queixa: denúncia
Rapariga: moça jovem
Recenseamento: cadastro eleitoral
Rebuçado: bala
Recibo Verde: MEI
Renda: aluguel
Restauração: restaurantes
Roupas de interior: cuecas
Rotunda: rotatória
Sandes: sanduíche
Sanita: vaso sanitário
Sapatilhas: tênis
Saque: roubo
Subsídio de desemprego: seguro desemprego
Subsídio de Natal: décimo terceiro
Subsídios: apoios financeiros governamentais
Sumo: suco de fruta
Talho: açougue
Telemóvel: celular
Ter piada: tem graça
Tosta mista: misto-quente
Trabalhador independente: autônomo
Utente: usuário do sistema de saúde ou de outro sistema
Verniz: esmalte de unha.
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