Encanto e violência, atraso e invenção, diversidade e singularidade: são contradições que podem exemplificar o que é o Brasil ou Brasis, no plural, porque quem é de lá sabe que são muitos países em um só. Um pouco dessa complexidade será apresentada em uma exposição em Lisboa, que será inaugurada nesta semana.Complexo Brasil vai ocupar duas galerias do edifício principal da Fundação Calouste Gulbenkian. Essas salas serão "palco de um olhar vibrante sobre o mosaico cultural brasileiro, em que coexistem biomas, etnias, culturas, tempos, lógicas, línguas, religiões e processos económicos", destaca o comunicado oficial. A abertura será na quinta-feira, dia 13 de novembro.Estarão reunidas obras dos mais diversos formatos: salas imersivas, percursos originais, vídeos inéditos sobre potências e impasses da modernidade brasileira, documentos, textos e obras de artistas como Cildo Meireles, Jaider Esbell, Luiz Zerbini, Anita Ekman, Sandra Nanayna e Glicélia Tupinambá. A cenografia foi realizada pela diretora brasileira Daniela Thomas.Um dos destaques é o manto, roupa especial utilizada em rituais e festivais. Estarão expostos exemplares emblemáticos, como o Manto Tupinambá, o Manto da Apresentação de Arthur Bispo do Rosário e os parangolés de Hélio Oiticica. "Neles está contido, de alguma forma, o enredo do Brasil, multiplicando-se de muitas formas nas culturas populares brasileiras", ressalta a fundação.Complexo Brasil foi planejada pelos brasileiros José Miguel Wisnik, Milena Britto e Guilherme Wisnik, que querem mostrar um país "como resultado de uma ação colonial de amplas proporções, pretendendo dissolver estereótipos e abrir novas pontes de entendimento entre os dois países".Os organizadores da exposição desejam particularmente a visita de imigrantes brasileiros, além dos portugueses, naturalmente. E há um motivo: "Numa altura em que a presença brasileira em Portugal se tornou mais expressiva, a exposição, promovida pelo Programa Gulbenkian Cultura, propõe oferecer aos dois povos um novo desencobrimento do Brasil, que é também um desencobrimento recíproco".Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!A exposição, com propósito profundo de reflexão, em um momento particularmente sensível na área da imigração, traz uma programação vasta. As atividades já começaram na semana passada, com a apresentação de um número especial da Revista Colóquio, dedicada à literatura e às artes brasileiras do século XXI."Intitulada Este Brasil, a edição reúne 40 recensões breves de livros brasileiros publicados depois do ano 2000, compondo uma panorâmica ampla e diversificada do que de mais interessante surgiu no Brasil nos últimos 25 anos — nos campos da prosa, da poesia, do ensaio, mas também da literatura infantil e do roteiro cinematográfico", explica o resumo da obra.O primeiro lançamento ocorreu na Livraria da Travessa. Um segundo lançamento está marcado para 18 de novembro, às 18h30, na Sala 1 da Fundação Gulbenkian. Estarão presentes António Feijó, presidente do Conselho de Administração da fundação, José Miguel Wisnik (curador da exposição) e Clara Rowland e Joana Matos Frias, editoras deste número da revista.Outra atividade é um show, no auditório da fundação, com a cantora Adriana Calcanhotto, José Miguel Wisnik (que também é compositor, pianista e cantor) e o violonista João Camarero. Este concerto, no dia 25 de novembro, vai apresentar, em forma de sonoridade, alguns dos elementos retratados na exposição.Também faz parte da programação o lançamento do livro A Palavra e o Poder: Uma Travessia Crítica por 40 Anos de Democracia Brasileira, que reúne textos de 80 personalidades brasileiras das mais diversas áreas. O livro inclui participações tanto do atual presidente Lula quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro. A obra foi organizada por Rodrigo Tavares, Flavia Lima e Naief Haddad.amanda.lima@dn.pt.O DN Brasil é uma seção do Diário de Notícias dedicada à comunidade brasileira que vive ou pretende viver em Portugal. Os textos são escritos em português do Brasil..Wagner Moura: “Quanto mais democrático for o governo, mais ele vai entender que cultura é importante”.Imigração é o grande assunto do nosso tempo, diz rapper brasileiro Don L