Com resistência e luta, Carnaval 2025 de Lisboa já começou
O saldo do primeiro domingo é avaliado ao DN Brasil pelos organizadores como positivo.
Texto: Amanda Lima
Fotos: Carlos Pimentel / Global Imagens
Ainda faltam mais de seis meses para o Carnaval de 2025, mas a mobilização já começou. A Fábrica Braço de Prata promoveu a Feira Cultural Brasileira, com objetivo de arrecadar recursos para o Carnaval de 2025 em Lisboa. Com burocracias e taxas que rondam os 25 mil euros para poder realizar a festa de rua, as entidades uniram-se para que o Carnaval do próximo ano não esteja em risco. “Vamos lutar”, definiu Monalinda, brasileira presidente da União dos Blocos do Carnaval de Lisboa.
Fabrício Buriti, do Baque do Tejo, lembrou que as exigências para a realização dos cortejos de rua são cada vez mais altas. “Estou em Lisboa desde 2004, a partir de 2018, 2019, começou a ficar muito mais difícil”, relatou o brasileiro. Eles lembram que a manifestação cultural é um direito de todos os cidadãos, incluindo os imigrantes que residem em Portugal. O grupo reivindica que a festa esteja no calendário oficial de eventos de Lisboa, o que tornaria a realização menos burocrática e mais barata. Citaram como exemplo a festa do Ano Novo Chinês, que está integrada no calendário municipal.
Ao mesmo tempo, Monalinda e Fabrício lembram que “mais do que nunca” o Carnaval é importante, num contexto de maior visibilidade nos casos de xenofobia contra imigrantes. Com apoio da Fábrica Braço de Prata, a União, composta por 14 blocos, está fazendo todo o possível para manter viva a festividade em Lisboa. Isso também ficou refletido na programação da primeira edição da feira.
Uma das atividades foi a aula de percussão para crianças, para que a arte do batuque passe de geração em geração - e de cultura para cultura, já que crianças portuguesas também participaram da aula, coordenada pelo português Nuno Piteira, do bloco Oxalá. Para quem não sabe sambar, a passista carioca Flávia Mota ensinou.
Como a feira era destinada também à promoção da cultura brasileira como um todo, o dia não foi só de samba. Subiram ao palco artistas de diversos estilos, como a roda de côco, um gênero musical de Pernambuco. Indo para os lados do Norte, a cultura do Amazonas também se fez presente, com a confecção de um Bumba Meu Boi colorido, feito pelos participantes, em especial turistas europeus que ficaram encantados com a história da tradição. Além do samba, forró e funk fecharam a noite.
O forte calor de domingo lembrava temperaturas tropicais, amenizadas com as sombras do local e banhos de mangueira para as crianças e também adultos. Outra maneira de vencer o calor e sentir-se no Brasil foi beber água de côco, uma das muitas iguarias brasileiras à venda no evento. Pelo menos 10 expositores participaram da feira, levando sabores diversos de regiões diferentes do Brasil: feijoada, acarajé, pastel, cuscuz nordestino, coxinha, açaí, brigadeiro e bolos caseiros. O espaço ainda foi de exposição de artesanatos, roupas, livros e outros artigos de empreendedores imigrantes brasileiros.
O saldo do primeiro domingo é avaliado ao DN Brasil pelos organizadores como positivo, com boa presença do público para um domingo de agosto, em que muitos estão de férias fora da cidade. A União esteve na portaria pedindo colaborações espontâneas dos participantes, assim como os valores arrecadados na venda de caipirinha.
A próxima edição está marcada para 15 de setembro, sempre com entrada gratuita e recolha de doações espontâneas para a causa do Carnaval de 2025 - que para a União dos Blocos do Carnaval de Lisboa já começou.
amanda.lima@dn.pt