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Centro Cultural de Belém recebe exposição de brasileira sobre conexão entre ser humano e natureza
A brasileira Tamirys Araujo vive e trabalho em Lisboa. Foto: Arquivo pessoal.

Centro Cultural de Belém recebe exposição de brasileira sobre conexão entre ser humano e natureza

Carioca Tamirys Araujo utiliza imagens de ressonância magnética do próprio útero para compor pinturas da exposição "As Feridas da Paisagem".

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por DN Brasil

Texto: Caroline Ribeiro

A partir do próximo sábado, 31 de agosto, a Arte Periférica Galeria, localizada no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, recebe a exposição As Feridas da Paisagem da artista brasileira Tamirys Araujo.

Carioca, Tamirys estuda e trabalha em Portugal desde 2023. Veio para fazer o mestrado em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. "No Rio de Janeiro, eu vivia dividida. Larguei meu emprego para me dedicar a ser artista", conta ao DN Brasil.

A exposição traz 13 pinturas a óleo sobre papel, com curadoria da historiadora brasileira Clarissa Godoy, que retratam a conexão entre o ser humano e a natureza. Para aprofundar a mensagem, Tamirys utiliza imagens de ressonância magnética do próprio útero na composição dos quadros. "A exposição tem essa ideia de passagem, da paisagem que começa nas florestas, explorando o que é estar na floresta, e depois essa floresta vai para o interior do corpo. As feridas que estão no meu útero estão tambem na paisagem", explica.

As ressonâncias foram feitas quando Tamirys precisou de uma cirurgia para tratar miomas no útero. "Acabei transformando os exames, sobrepondo à imagem da paisagem. Pensar em como nós somos parte do meio, de onde que vem isso, como vem, como surge, uma reflexão em torno dessa ferida e das feridas que nos são causadas e que causamos no ambiente", diz.

A exposição As Feridas da Paisagem é a primeira mostra individual da artista. Foto: Arquivo pessoal.

O material escolhido para as pinturas também ressalta a reflexão proposta pela artista. "Existe uma mancha do óleo no papel que faz uma espécie de choro da imagem, ou como se houvesse um sangramento da imagem. Tudo indo em torno da ideia de ferida, que é nossa e do ambiente que nos rodeia", argumenta.

A expectativa de Tamirys é conseguir abrir os olhos do público para "repensar a nossa relação enquanto natureza ferida". "Tá estourando aí de queimadas. Queimou a ilha da Madeira, São Paulo, tem essa conexão, a ferida dentro de nós e a ferida no mundo. É nesse lugar que eu falo, da necessidade de uma consciência interior de que somos parte desse meio", diz a carioca.

A exposição As Feridas da Paisagem é a primeira mostra individual da artista, de 33 anos. A abertura, no dia 31, será às 16h. A visitação é gratuita de terça a domingo, das 10h às 19h, até 26 de setembro.

caroline.ribeiro@dn.pt

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