Brasileiros no Porto convocam manifestão após caso de agressão e xenofobia
Os brasileiros agredidos, um homem e uma mulher, estavam trabalhando nas imediações da Casa Odara, um espaço cultural gerido por imigrantes, fazendo a gravação da performance de um artista.
Texto: Caroline Ribeiro
Está marcada para o final da tarde desta quarta-feira (25), no Porto, uma manifestação contra xenofobia e racismo convocada por um grupo de brasileiros. O ato vai ser realizado em protesto contra um caso de agressão registrado nesta terça-feira (24) contra colaboradores da Casa Odara, espaço cultural e de beleza de referência para migrantes, que fica em uma movimentada da cidade.
De acordo com o advogado do local, Diego Bove, os brasileiros agredidos, um homem e uma mulher, estavam trabalhando nas imediações da Casa Odara, fazendo a gravação da performance do artista brasileiro Italo Augusto.
"Dois homens portugueses se aproximaram de John, que estava com a câmera na mão, e um deles alegou estar sendo filmado sem autorização. John se defendeu dizendo que o foco era o artista, mas uma confusão se iniciou e culminou em agressões físicas com socos e pontapés. Gabriela Carvalho, que também estava no local e foi agredida, gravou boa parte do ocorrido. O vídeo contém a agressão e insultos xenófobos proferidos pelos portugueses, além de ameaças à integridade física", explica o advogado em nota enviada ao DN Brasil.
O vídeo, publicado pela Casa Odara no Instagram, mostra insultos cometidos por um dos homens contra os brasileiros. Também é possível ver o momento em que o homem parte para cima de Gabriela Carvalho. Ao final ouve-se gritos, barulho de socos e correria.
Uma das gestoras do espaço, a brasileira Janaína Kruger, conta como tudo aconteceu. A performance do artista Italo Augusto era baseada em uma abordagem à pessoas na rua. "Nós tínhamos autorização da dona do estabelecimento onde estávamos abordando as pessoas. Nesse momento em que o Jhon estava começando a filmar, um dos homens interpelou de maneira bastante agressiva dizendo que ele não poderia filmar o rosto dele", diz a brasileira em vídeo publicado no perfil da Casa Odara.
Janaína diz que, num primeiro momento, os brasileiros explicaram que o homem não estava sendo filmado, que só registravam pessoas que autorizavam. "Ele continuou se posicionando de maneira agressiva e começaram os xingamentos", conta.
Logo após as agressões, a polícia esteve no local e pegou declarações dos envolvidos. Nesta quarta, as vítimas vão à delegacia prestar depoimento e registrar a ocorrência. "Vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para impedir que esse fato lamentável se repita", diz Janaína.
A manifestação está marcada para 18:30h, em frente à Casa Odara, na rua dos Mártires da Liberdade, 126.
O DN Brasil questionou a Polícia de Segurança Publica (PSP) por email sobre o caso, mas não houve resposta até a publicação desse texto.
caroline.ribeiro@dn.pt