Brasileiros com mínima representatividade nas listas de candidatos às legislativas

Apesar de serem a maior comunidade imigrante em Portugal e com mais possibilidade de voto, graças ao Tratado de Porto Seguro, os brasileiros estão com representatividade mínima nestas eleições legislativas. O DN Brasil pediu a todos os partidos com assento parlamentar que informassem quantos cidadãos brasileiros estão nas listas e em quais posições. O Chega, a Iniciativa Liberal (IL), o Partido Animais Natureza (PAN) e o Partido Socialista (PS) ignoraram o pedido de informação do jornal.

Dos partidos que responderam ao DN Brasil, o Bloco de Esquerda (BE) é quem tem mais imigrantes do Brasil representados, com quatro pessoas no total. Duas delas estão no círculo de Lisboa: Cynthia de Paula na 12.ª posição e Samara Azevedo, na 38.ª posição. Se comparar o número de deputados e deputadas eleitos pelo partido nas últimas eleições e pelas atuais pesquisas eleitorais, a chance de o BE ter uma ou duas deputadas brasileiras é baixa. Os outros dois nomes estão em Braga: Guilherme Nogueira na 11.ª posição e Renato Célio, em 20.º lugar nas listas. Assim como no caso da capital portuguesa, as chances de serem eleitos são baixas.

O Partido Comunista Português (PCP) possui dois homens brasileiros nas listas. Gabriel Castro está em 23.º lugar na lista de Braga e Tiago Mazza em 37.º pelo Porto. Também tendo como base o desempenho do partido nas eleições legislativas recentes, são poucas as chances de ver um dos brasileiros eleitos para a Assembleia Legislativa neste ano. O Livre tem duas brasileiras candidatas. Geizy Fernandes, número 2 por Setúbal, é quem está mais perto de conseguir uma cadeira no Parlamento. O partido ainda tem Karla Pinto está na 16.ª posição no mesmo distrito.

Clique aqui e siga o canal do DN Brasil no WhatsApp!

A coligação da AD - composta pelo Partido Social Democrata (PSD) e o Partido Popular (CDS-PP) - não tem candidato nas listas nacionais, apenas o luso-brasileiro Flávio Martins, que concorre pelo círculo fora da Europa. Nestes círculos, em que quem vota são os portugueses imigrantes pelo mundo, é mais comum que sejam brasileiros.

Como os demais partidos não responderam ao DN Brasil, o jornal tentou saber por outras fontes sobre a presença de brasileiros. Atual deputado pelo Chega, o carioca Marcus Vinicius Teixeira Soares dos Santos novamente integra a lista do Porto, com chances de ser eleito. Kellyane Rocha, natural de João Pessoa, também é candidata. No entanto, não é possível saber a posição, uma vez que o Chega optou por não divulgar na íntegra as listas e o líder André Ventura recusou explicar aos jornalistas o motivo de não divulgá-las. No círculo nacional, neste último Parlamento dissolvido, Marcus Santos, do Chega, era o único brasileiro.

Círculos eleitorais

Diferente do sistema brasileiro, os eleitores em Portugal votam nos partidos, não em pessoas. Por isso, os candidatos que estão no topo das listas em cada distrito possuem mais chances de serem eleitos. Quanto mais “para baixo” na lista, menor a chance de conseguir uma cadeira. A chance é ainda mais baixa em partidos com poucos deputados eleitos, como é o caso do PAN, PCP, BE e Livre. Nas últimas eleições, o Parlamento teve 80 deputados na coligação da AD, o PS 78, o Chega 50, a IL oito, o Bloco cinco, o PCP quatro, o Livre também quatro e o PAN um.

Aproximação

Alguns partidos têm tentado se aproximar da comunidade imigrante em Lisboa, tendo como ponto de encontro a Casa do Brasil. O PS realizou uma conversa com imigrantes recentemente no local, assim como a CDU (coligação do PCP com Os Verdes). Amanhã (dia 13), é a vez do Livre visitar a Casa do Brasil com a presença das candidatas brasileiras Geizy Fernandes e Karla Pinto. As eleições estão marcadas para o próximo domingo, dia 18 de maio. Ontem já foi possível votar com o voto antecipado.

amanda.lima@dn.pt

Este texto está na edição impressa do Diário de Notícias desta segunda-feira, 12 de maio de 2025.