Assine a Newsletter

Sucesso! Verifique a sua caixa de E-Mail

Para completar a Assinatura, clique no link de confirmação na sua caixa de correio. Se não chegar em 3 minutos, verifique por favor a sua pasta de Spam.

Ok, Obrigado
Brasileiro relata os dois lados da moeda de fazer intercâmbio em Portugal
Bruno entrou no programa Erasmus+. Foto: Arquivo pessoal

Brasileiro relata os dois lados da moeda de fazer intercâmbio em Portugal

“Só consegui encontrar um quarto para arrendar em Carcavelos por € 400. Era longe e eu demorava uma hora e vinte minutos para chegar à faculdade. A casa também tinha regras: não podia usar o fogão nem a máquina de lavar", conta,

DN Brasil profile image
por DN Brasil

Texto: Rayssa Iglesias

Um estudo da Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio apontou que realizar um intercâmbio faz parte dos planos de 75% dos estudantes brasileiros que estão no ensino superior.

Muitos brasileiros escolhem Portugal como destino acadêmico e o idioma é uma das principais razões para isso. É o caso de Bruno Barbosa, de 22 anos, estudante de Direito na Universidade de Fortaleza (Unifor), que chegou ao país em setembro de 2023 para um intercâmbio de seis meses na Universidade de Lisboa.

“Escolhi Portugal por causa da língua portuguesa. Se eu fosse pra Alemanha, por exemplo, precisaria fazer o teste de proficiência em inglês do Test of English as a Foreign Language (TOEFL ) ou Teste de Inglês como Língua Estrangeira - e seria bem difícil. É um nível de inglês que eu não tenho, então não passaria”, diz Bruno.

As oportunidades de intercâmbio são outro fator que incentiva os brasileiros a escolherem Portugal. Bruno optou pelo Programa Erasmus+, uma iniciativa de bolsas de estudo da União Europeia (UE), no qual o Brasil figura entre os países parceiros elegíveis. “É como um acordo com minha faculdade, em que eles enviam estudantes para lá sem pagar nada e estudantes de lá vêm para cá sem pagar nada. Então eu não precisei pagar o estudo, só moradia e alimentação”, conta.

Programa Erasmus e visto de estudante

Para entrar no Programa Erasmus+, Bruno precisou apresentar a candidatura na Unifor e uma carta de motivação que explicava o porquê queria vir a Portugal. Após ser selecionado para o intercâmbio, era a hora de começar a preparar a viagem - e o visto foi o primeiro passo.

“Precisei mandar os documentos para a embaixada, declaração de imposto de renda e comprovante para a questão da subsistência. Neste caso, meus pais tiveram que se responsabilizar por me bancar aqui durante todos os meses, para isso declararam a renda salarial e assinaram um termo que foi autenticado em cartório. Na verdade, tudo teve que ser autenticado em cartório. Também precisei reservar um hotel, para mostrar comprovante de estadia e tive que apresentar a passagem de ida”, explica.

O processo para obter o visto foi simples e bastante rápido para o estudante, que atribui isto ao programa de intercâmbio entre as universidades. Para conseguir o visto de estudante, a carta de aceitação da universidade portuguesa é fundamental no processo -- e felizmente Bruno não encontrou nenhum obstáculo durante esta etapa. “Toda a comunicação com a Universidade de Lisboa foi feita pela minha universidade. Recebi a carta de aceite em uma semana”, recorda.

Já busca por um quarto não aconteceu de forma tão simples e rápida quanto o processo do visto. Devido à escassez e aos preços elevados próximos à zona da Universidade de Lisboa, Bruno não teve outra opção a não ser arrendar o único quarto que encontrou disponível: em Carcavelos, na vila de Cascais, vizinha a Lisboa.

“Só consegui encontrar um quarto para arrendar em Carcavelos por € 400. Era longe e eu demorava uma hora e vinte minutos para chegar à faculdade. A casa também tinha regras: não podia usar o fogão nem a máquina de lavar. Eu só podia comer comida pré-pronta porque só tinha acesso a um forno elétrico ou a um micro-ondas. Apesar das restrições, como era o único lugar disponível, tive que mudar-me para lá. Apenas meses depois, consegui encontrar um quarto em Saldanha (na região central de Lisboa) por 380 euros”, destaca.

Ao iniciar os estudos em Lisboa, Bruno ficou surpreso com a quantidade de brasileiros na universidade. Apesar de ter escolhido o país devido à língua, surpreendeu-se com todos os materiais em inglês que recebeu durante as aulas. Ele enfrentou algumas dificuldades para absorver o conteúdo por causa disso e, juntamente com outros brasileiros, recorreu aos professores.

“Alguns conteúdos e materiais são em inglês. Nós chegamos a falar para os professores que no Brasil só aprendemos o verbo to be, não sabemos nada, é um inglês básico. Pedimos materiais em português, no entanto disseram “não”. Eu sei inglês porque fiz um curso além da escola, mas não sou fluente. Em português o material jurídico já é difícil; imagina em inglês?”, questiona.

Mesmo com alguns desafios durante o percurso, os obstáculos tornaram-se muito pequenos diante de toda a experiência que o intercâmbio proporciona. Em Portugal, Bruno apreciou cada oportunidade de fazer conexões, visitar lugares, conhecer pessoas e, antes de entrar no avião de volta para casa, realizou a tão sonhada viagem a Paris.

“Uma dica que dou para quem vai fazer intercâmbio em Portugal é aproveitar o momento. Que tente ao máximo estar em contacto com a cultura e o povo português. O que eu noto é que muitos estudantes vêm para cá e ficam em nichos só com brasileiros. Eu tenho o meu grupo de amigos brasileiros, mas também fiz amigos portugueses. Para mim foi uma experiência incrível e meus colegas portugueses da faculdade sempre foram muito solícitos”, ressalta.

dnbrasil@dn.pt

Relacionadas

Férias para planejar o futuro: veja como se inscrever em cursos do IEFP
Qualquer pessoa, seja cidadão português ou imigrante, pode se inscrever nos cursos - as chamadas “formações” - ou pleitear apoios disponibilizados em caso de desemprego.
“Diplomas na gaveta”: livro O Mau Selvagem aborda desafios da nova vaga de imigrantes em Portugal
O tipo de imigrante narrado na história é aquele que possui um diploma de ensino superior - às vezes até mais do que isso - mas que trabalha em serviços ditos “não qualificados”, ou seja, em que não é preciso uma formação acadêmica para desempenhar.
DN Brasil profile image
por DN Brasil

Assine a nossa Newsletter!

Todas as semanas uma newsletter com temas atuais que dialogam com a comunidade imigrante de Portugal.

Sucesso! Verifique a sua caixa de E-Mail

To complete Subscribe, click the confirmation link in your inbox. If it doesn’t arrive within 3 minutes, check your spam folder.

Ok, Obrigado

Ler Mais