Imigrantes brasileiras conquistam o Porto com doces e salgados típicos
Imigrantes empreendedoras encontraram nas coxinhas e bolos o sustento em Portugal e também a satisfação profissional.
Texto: Amanda Lima*
A região do Porto começou a ficar mais doce nos últimos anos com a presença de confeiteiras brasileiras. Os brigadeiros, bolos decorados e outras receitas do Brasil já fazem parte do dia a dia dos moradores, com diversos negócios de sucesso liderados por imigrantes brasileiras. O DN Brasil conversou com várias destas empreendedoras que estiveram na Feira do Chocolate, em Vila Nova de Gaia.
A chef Renata Tavares, da Doce in Bike, começou o negócio ainda no Brasil, vendendo bolos em uma bicicleta pelas ruas. Ao mudar para Portugal com a família, há cinco anos, não deixou para trás a habilidade de fazer bolos. Hoje, a brasileira no Porto é uma referência no setor da confeitaria, não só com a venda dos bolos, brigadeiros e outras sobremesas, mas também com cursos e formações na área.
Recentemente, a gama da Doce in Bike ganhou mais um lado brasileiro, com a venda de coxinhas, pão de queijo e empadão. Quem faz é Kaká, a mãe de Renata, que está morando em Portugal há nove meses. "Eu nunca fui boa com bolos, mas salgados sim. Quando vim ainda passear, antes de mudar pra cá, a Renata já me pediu pra fazer meu empadão", conta ao DN Brasil.
Renata também foi uma das chefs do showcooking da feira, ensinando a fazer brigadeiros gourmet. A profissional contou sobre as diversas tentativas até encontrar produtos semelhantes ao do Brasil para as criações ficarem o mais parecidas possível com o sabor de casa.
Outra imigrante que viu nos doces uma oportunidade de negócio é Juliana Rocha, de 22 anos. Morando em Portugal desde os 16 anos, foi na pandemia de Covid-19 que começou a vender aquilo que já gostava de fazer por hobby: bolos, brownies e brigadeiros. "Gosto muito, eu realmente consegui me achar nesta área", relata ao jornal. Ela criou a É pra já doces.
Trabalhando com encomendas, conta que metade dos clientes são brasileiros e outra metade brasileiros, sendo o brownie o carro chefe da casa. O próximo passo que está nos planos da jovem empreendedora é abrir um café para venda dos seus produtos.
Nesta fase de inaugurar um espaço físico já está a confeiteira Paula Adegas, que abriu, há um ano, uma confeitaria em Vila Nova de Gaia. Foi o segundo passo de uma jornada que começou com venda de doces em casa. "Eu já trabalhava nessa área no Brasil, em Portugal vivemos para ter uma vida mais segura e decidi montar o negócio aqui também", explica ao DN Brasil Paula, que dá o nome da marca e cria todas as receitas.
Hoje, além do marido, da filha e da sogra que trabalham no empreendimento, gera mais três empregos, sendo duas brasileiras e uma portuguesa. Tanto no café como nas encomendas, o produto mais pedido são os bolos, especialmente os decorados.
Os bolos brasileiros são realmente sucesso entre os clientes, tanto brasileiros quanto portugueses. A empresária Tamara Salles começou o negócio há oito anos, quando mudou-se do Rio de Janeiro para o Porto. Em busca de mais segurança para a família, escolheu a região Norte de Portugal por não ser uma cidade tão grande e parecer ser promissora para o comércio.
Assim nasceu a Doceria do Porto, hoje um ateliê que trabalha sob encomenda. Antes, o negócio funcionava também como um café em Maia, mas Tamara decidiu vender após ter um ataque cardíaco. "Trabalhava muito. Hoje, eu faço a minha agenda, posso tirar um dia de folga, basta não aceitar encomendas naquele dia", conta.
Os bolos são os produtos mais procurados pelos clientes, hoje 50% brasileiros e outra metade portugueses. "Os bolos decorados para festas de aniversário, casamento e outras celebrações são os mais vendidos", destaca.
Na feira, divide o estande com Suzana Rodrigues, que também faz bolos, brigadeiros e salgados. A brasileira, de Recife, veio para Portugal na pandemia com a família. Logo arrumou um emprego em uma hamburgueria, conciliando com a produção própria, sendo que no Brasil já trabalhava com confeitaria.
Há pouco mais de um ano, ficou impossível ter os dois empregos pelo grande volume de encomendas. "Eu tive que escolher, se ia trabalhar no meu negócio ou não", destaca. Suzana decidiu tornar-se de fato empreendedora, dedicando-se totalmente à sua marca. "Vendo por encomendas e revendo para outras pastelarias. Em breve vou começar também a vender por delivery", comemora a imigrante, que tem planos de abrir um ateliê.
A Feira do Chocolate, com dezenas de expositores de várias áreas, vai até a noite de domingo no WOW Vila Nova de Gaia. A entrada é livre. O endereço é rua do Choupelo, número 39.
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amanda.lima@dn.pt
* A jornalista viajou a convite do evento.