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Brasileira quer português como língua “oficial” para negócios internacionais
Rijarda Aristóteles fundou o MNLP em 2022 e inaugura o primeiro espaço físico do Clube em Lisboa. Foto: Leonardo Negrão / Global Imagens.

Brasileira quer português como língua “oficial” para negócios internacionais

Com campanha com ações nas redes sociais e sensibilização de entidades no Brasil e em Portugal, Rijarda Aristóteles espera conectar falantes do idioma em vários países para abrir oportunidades.

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por DN Brasil

Texto: Caroline Ribeiro

Nesta sexta-feira, 19, o Clube Mulheres de Negócios em Língua Portuguesa (MNLP) dá um passo ousado: inaugura um espaço físico em Lisboa, onde está sediado, e lança uma campanha para tornar o português um idioma "oficial" para internacionalização de negócios e serviços.

A brasileira Rijarda Aristóteles, fundadora e atual presidente do clube, define a iniciativa como uma forma de "inclusão de fato" de milhões de mulheres empreendedoras. "Quando trazemos a questão da internacionalização através da língua portuguesa, estamos visibilizando milhões de mulheres que estão lá no Brasil, que têm seus negócios, produtos e serviços prontos para internacionalizar e não o fazem por conta de não falar outro idioma", explica ao DN Brasil.

A ideia surge a partir das experiências do próprio MNLP, que funciona como um hub de conexões entre empreendedoras - sejam ainda micro ou grandes -, prestadoras de serviço e fornecedoras de produtos. "Temos uma empresária fantástica, a Teresa, que é embaixadora do nosso clube lá em Cascavel, interior do estado Ceará. Ela faz negócio com uma embaixadora nossa na Filadélfia, a Simone, que também fala português. A Teresa não precisa falar inglês, porque a Simone já fala. Se não fosse a língua portuguesa, o produto da Teresa, alimentos típicos do Nordeste derivados da banana, jamais chegaria aos Estados Unidos", conta a presidente.

Atualmente com cerca de 300 "embaixadoras" como são designadas as integrantes que assumem o compromisso de fazer negócios umas com as outras, o clube tem impacto direto em outras 300 mulheres, que recebem apoio em diversas áreas para conseguirem empreender. Essa rede é formada por participantes que vivem em 18 países diferentes, "muito mais do que aqueles que falam português oficialmente", ressalta.

Para promover o potencial da língua para negócios internacionais, a presidente do clube afirma que vão ser realizadas ações nas redes sociais e sensibilização de entidades ligadas ao setor. No Brasil, já há diálogos abertos com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Em Portugal, o MNLP ainda vai identificar agentes para a conversa. Para isso, a fundadora do clube espera contar com mais abertura do país para a variante brasileira do idioma.

"Portugal tem que se apropriar do fato de ter um gigante como o Brasil que fala o português, e não dizer que nós falamos brasileiro. É abraçar a diversidade da língua. Enquanto nós ficamos nos degladiando por bobagem, estamos deixando de fazer negócios e de realmente abraçar essa diversidade, essa riqueza. A gente tem que unir, não separar".

Desafios

Para o diretor da Câmara de Comércio Luso Brasileira, José Manuel Diogo, "há um imenso potencial" para o português se tornar uma "língua global de negócios", afirma ao DN Brasil.

O diretor ressalta que o comércio entre Portugal e Brasil é "impulsionado pela facilidade de comunicação em uma língua comum" e que "exemplifica esse potencial", mas traça desafios a serem superados. "Precisamos investir na educação e formação profissional, promovendo o ensino do português em escolas e universidades, especialmente em cursos de negócios e comércio internacional. Além disso, é crucial fortalecer o apoio institucional e governamental, implementando políticas que incentivem o uso do português em acordos comerciais e tratados internacionais".

José Manuel Diogo destaca também a necessidade de fazer com que organizações internacionais, como a ONU, incluam o português como língua oficial, condição que avalia ser "fundamental" para qualquer resultado positivo, e de superação de barreiras como a disparidade econômica entre os países lusófonos e a burocracia, "que nos separam de uma plena integração linguística nos negócios. Mas com colaboração entre governos, instituições e o setor privado, podemos superar esses obstáculos", concluí o diretor.

Segundo o Instituto Camões, o português é a língua materna de 260 milhões de pessoas no mundo. Destas, 78% são brasileiras.

caroline.ribeiro@dn.pt

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