Brasileira mobiliza mulheres para prática de jiu-jitsu em Braga
"O jiu-jitsu nos ajuda na autoestima, no empoderamento, só tem benefícios", diz Letícia Canhoto, em entrevista ao DN Brasil.
Texto: Caroline Ribeiro
Foi em busca de mais tranquilidade para criar o filho que Letícia Canhoto e o marido resolveram deixar Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, e mudar para Portugal. Buscavam um local mais sossegado, “mas com tudo perto”, conta ao DN Brasil. Encontraram o que procuravam em Braga, onde vivem desde 2019.
O casal conseguiu se estabelecer profissionalmente de maneira rápida, mas Letícia levou algum tempo até voltar para a prática do jiu-jitsu. “Aqui em Portugal tinha uma escassez muito grande do esporte. Eram poucas equipes disponíveis, e eu não sentia aquele acolhimento que tinha no Brasil”, explica.
O esporte não poderia ficar de fora da nova vida no país que a família escolheu. O marido de Letícia já tinha praticado quando mais jovem. Depois que o filho nasceu, Lucca, a brasileira recebeu um convite da prima para acompanhar uma aula. “Eu fui sem compromisso. Meu filho tinha 10 meses, eu tava naquela coisa louca da maternidade, sobrecarregada mentalmente, e falei que precisava fazer uma atividade, alguma coisa pra espairecer a mente. O primeiro contato foi apaixonante, não consegui parar de praticar”.
Desde 2019, Letícia treina com a mesma equipe em Braga e diz que “encontrou uma família novamente”. “Eles nos acolhem, isso é muito importante, principalmente para quem emigra. Aquele pessoal que treina com você se torna uma família. Quando você entra no tatame, se desliga do mundo”, afirma a brasileira, que levou o marido e o filho para treinar também.
Com o passar do tempo, Letícia começou a ver a evolução do jiu-jitsu no país. “Hoje em dia, já há muitas escolas em Braga, com nomes grandes, e o mais importante: tem mulheres no tatame. Acho isso muito valioso, porque, além de ser uma terapia pra gente, serve como defesa pessoal, que precisamos muito”, diz.
Com o engajamento na equipe na qual treina, a brasileira foi convidada pelo seu sensei para dar aulas para outras mulheres. “Ele também viu que existia essa necessidade. As mulehres queriam aprender, mas tinham receio de fazer treinos com homens. Ele me abriu esse convite e gostei muito. Então hoje temos uma turma só de mulheres, a partir dos 14 anos, e é nosso momento”, conta, empolgada com as conquistas.
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O reconhecimento ao trabalho de Letícia tem surgido também nas competições. No mês passado, competiu no torneio da Associação de Jiu-jitsu de Portugal em Braga e saiu com três medalhas, duas de ouro e uma de prata. O sonho é, um dia, poder se dedicar exclusivamente ao esporte, mas, por enquanto, a brasileira já está realizada com o que conquistou.
“Sou uma pessoa muito ansiosa e o jiu-jistu me ajudou muito. Me traz uma paz muito grande. Penso nas mulheres que emigram, como eu, com filhos, sem família. Eu tento inspirar outras mulheres a se cuidarem mais, a praticar alguma coisa, e estou tentando captar mais mulheres para o tatame”, diz, rindo.
“Além de ser uma defesa pessoal incrível, a gente fica capacitada para reagir diante de qualquer situação de perigo. E ficamos mais confiantes, o jiu-jitsu nos ajuda na autoestima, no empoderamento, só tem benefícios”, completa, deixando o convite: “vocês, mulheres em Braga, que quiserem uma aula, é só me procurar”.
caroline.ribeiro@dn.pt
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