Barcelona portuguesa? Habitantes de Sintra protestam contra turismo excessivo
Seguindo tendência em outras cidades da Europa, como Barcelona e Veneza, Sintra recebe cartazes e faixas expondo insatisfação com turismo de massa.
Os turistas que passem por Sintra são agora recebidos com faixas nas janelas e varandas e cartazes nas vitrines de lojas, restaurantes e cafés, exigindo à Câmara Municipal medidas contra o "turismo de massas e caos no trânsito".
"Queremos Sintra viva e habitada, não ao turismo de massas!" é um dos lemas inscritos nas faixas e nos cartazes colocados no centro histórico. Outro diz que a cidade é um patrimônio mundial e não "um parque de diversões". Há também versões em inglês das mensagens, uma delas diz que "Sintra é diferente de Disneyland".
Em comunicado, a QSintra – Em Defesa de um Sítio Único, que lança a iniciativa, teme que a cidade se transforme "num mero parque de diversões congestionado", que afete suas características únicas. "Face à perda de qualidade de vida, aos constantes congestionamentos de trânsito e à descaracterização acelerada da zona inscrita como Patrimônio Mundial", a associação diz ter resolvido agir.
Em simultâneo com os protestos de rua, a QSintra divulgou um manifesto, "Sintra é de todos e precisa de todos", com seis reivindicações: revitalização da comunidade e qualidade de vida dos residentes; maior cuidado e mais critério no planejamento e na gestão urbana; turismo de qualidade e não de quantidade; combater a "excessiva dependência" do turismo; recuperar e preservar a natureza, pedindo "regras e fiscalização mais estritas que preservem a paisagem, a área florestal e a orla costeira"; e a criação de uma estrutura especializada para gerenciar a Paisagem Cultural de Sintra.
A QSintra assinala que "o turismo é importante para Sintra mas não pode ser um fator de desqualificação da paisagem e de despovoamento" e não pode prejudicar o dia-a-dia dos habitantes.
A associação cobra ainda "um levantamento sistemático de todos os grandes projetos" de novos hotéis, empreendimentos imobiliários e áreas de comércio, no sentido de "avaliar o seu impacto sobre a paisagem, o ecossistema, a mobilidade e a vida das pessoas".
Protestos contra turismo excessivo têm se multiplicado pela Europa. Neste mês de julho, habitantes de Barcelona "atiraram" em turistas com pistolas de água para mostrar o descontentamento com a situação na cidade espanhola, uma das mais visitadas do mundo.
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