Ajude a encontrar: artesã brasileira tenta recuperar peças furtadas em Lisboa
Carro de Bruna Lucena foi arrombado na freguesia da Penha de França. Peças autorais, como bordados e camisas, foram levadas, com prejuízo estimado em mais de dois mil euros.
Texto: Caroline Ribeiro
A noite que antecede a participação em alguma feirinha ou evento segue uma rotina organizada para a artesã brasileira Bruna Lucena. Na última terça-feira (13), não foi diferente. Conferiu o material, carregou o carro, arrumou tudo em sacolas, cobriu os expositores, e seguiu para a casa da namorada, na Penha de França, em Lisboa, onde dormiria. No dia seguinte, por volta das 6:50 da manhã, Bruna saiu preparada para mais um dia de trabalho. Ao chegar ao carro, estacionado na rua, como é comum zona, encontrou o veículo com vidros quebrados e quase sem nenhuma das peças que venderia no mercado do Cais do Sodré.
Bruna confecciona à mão a maioria dos seus produtos. Bordados que fazem sucesso nas redes sociais, com temáticas feministas, além de também apostar no lado digital e criar o próprio design e estampas para camisas, moletons, bolsas, brincos, pingentes e anéis. Essa foi a variedade de peças alvo do furto, fora os materiais utilizados na montagem da banca.
"Eu estava contabilizando e fácil ali levaram mais de dois mil euros. Se eu tivesse vendido tudo aquilo, nossa, é dinheiro que eu faço em um mês. Agora tem que comprar tudo de novo, fazer tudo de novo, e são horas e horas de trabalho", conta Bruna ao DN Brasil.
A marca bru lucena nasceu depois que a paulistana, que se mudou para Portugal em 2017, passou pela primeira experiência profissional no país. Como muitos imigrantes, trabalhou em um restaurante. "Não foi uma boa experiência. No verão de 2018, comecei a vender os bordados na rua. Fiz isso por alguns meses, até que fiz meu primeiro mercado no Lx Factory, em Novembro do mesmo ano, e desde então sigo neles", relata.
Os passos no mundo do empreendedorismo autoral foram crescendo naturalmente. "Primeiro comecei a estudar caligrafia, e depois comecei um curso de design gráfico. Juntei tudo e, aos poucos, fui começando a marca. Não me vejo somente como uma artesã, porque faço e gosto muito do digital. Os próprios moletons que levaram são todos estampados com uma caligrafia que eu mesma desenhei e agora uso ela de várias formas", explica a artista.
A assinatura da marca e a estética diferenciada são, aliás, os elementos para os quais Bruna chama a atenção ao pedir ajuda, em suas redes sociais, para tentar encontrar as peças. Ela registrou a ocorrência junto à Polícia de Segurança Pública na Penha de França, mas não saiu com grandes esperanças.
Por quanto, a artesã segue balanceando as emoções e conta com os amigos para se reorganizar para os próximos desafios. "Às vezes tô mais triste, às vezes tô mais 'que bom que foi só isso, poderia ter sido muito pior'. Algumas amigas mais próximas se prontificaram a vir aqui me ajudar um dia na produção. Mas agora tô no mood mais triste".
caroline.ribeiro@dn.pt