Ainda dá pra organizar: confira dicas para ajudar no planejamento financeiro em Portugal
O DN Brasil conversa com João Victor Santos, especialista que explica que o planejamento para a mudança de país não deve se restringir ao que é feito antes, mas continuar após a chegada.
Texto: Caroline Ribeiro
Ao chegar em Portugal, como estudante de mestrado, e vindo da Irlanda, o contador brasileiro João Victor Santos caiu na armadilha da "blusinha barata" que é um problema na vida de muitos imigrantes. "Você vai ali na Primark e uma blusinha custa só 10 euros. Um menu de almoço só 7 euros. Você faz a conversão, sai muito barato, é uma coisa em que as pessoas se perdem muito. Elas chegam e se perdem na lógica de Uber, roupas baratas, comida, ou seja, tudo que, aparentemente, é barato, mas que consome muito do teu orçamento quando chega no fim do mês. Digo por experiência própria". Da situação que passou, o brasileiro encontrou gancho para ajudar outros imigrantes e, atualmente, trabalha com educação financeira.
Ao DN Brasil, João Victor explica que o planejamento para a mudança de país não deve se restringir ao que é feito antes, mas continuar após a chegada. "É se planejar para o não planejado. Deixe uma margem. Se planejou que vai gastar mil euros com aluguel, internet, telefone, ou seja, todos os gastos, bote pelo menos 20% a mais, porque você vai gastar facilmente com não planejados", diz.
O especialista também alerta para as dificuldades dos recém chegados, muitos que chegam já com dívidas deixadas no Brasil. "A pessoa chega com um certo desespero para poder arrumar emprego, para bancar os custos no novo país, que estão altos, e bancar ainda as dívidas que ela possui no Brasil. Então normalmente os primeiros meses e anos são sempre muito difíceis", avalia, e deixa como dica, neste caso, ter "uma mente aberta" para possibilidades profissionais. "É preciso pensar em como fazer algum tipo de renda na moeda que você está vivendo, que é em euro, mesmo que não seja sua área profissional". Para ajudar, João Victor sugere a ajuda da família e amigos. "Pergunte para eles que tipo de habilidades você tem", diz, o que pode servir para que a pessoa descubra algo novo que pode virar uma atividade rentável.
Para garantir que o planejamento tem chances de sucesso, anotar despesas e ganhos é fundamental. "As pessoas não têm hábito de fazer anotações. É muito comum eu atender pessoas que começam a arrumar um monte de fontes de renda. Eu pergunto 'quanto é que você ganha?'. Ela não sabe. Faz um pet-sitting, de vez em quando ajuda uma amiga em umas limpezas. Quando junta tudo no fim do mês ela só sabe que tá dando certo, porque ela recebe e paga, recebe e paga. Ou seja, seria aquele piloto automático. É extremamente importante você ter um controle", afirma o especialista.
Ter em mente um objetivo ajuda a nortear o caminho. "Onde você quer chegar? A partir daí, pode traçar metas", diz João Visctor. "Só existem dois caminhos para fazer dinheiro sobrar, é cortar gastos ou aumentar as suas receitas", explica. "Olhando pra isso, para o que você vai ter que fazer para chegar lá, ajuda a dar certo".
caroline.ribeiro@dn.pt