Agressora dos filhos de Giovanna e Bruno condenada por racismo: pena é inédita em Portugal
Titi, Bless foram chamados de "pretos imundos". Atores celebraram a "vitória", mas sem deixar de chamar a atenção para problemas estruturais que envolvem crimes de racismo.
Texto: Caroline Ribeiro
Adélia Barros, a mulher de 59 anos que agrediu os filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, foi condenada a oito meses de prisão pelo crime de racismo. A sentença da Justiça portuguesa foi compartilhada pelos atores com um post no Instagram nesta sexta-feira (15).
"Como todos sabem, no dia 30 de julho de 2022 nossos filhos e uma família de turistas angolanos foram vítimas de racismo quando estávamos de férias da Costa da Caparica. Sim, o racismo não dá férias, mas hoje parece dar uma trégua com mais uma condenação histórica", escreveu o casal.
Titi, Bless e a família de Angola foram chamados de "pretos imundos", entre outros xingamentos, por Adélia Barros. Os atores compartilharam a emoção por acreditarem que a justiça foi feita. "Esta é a primeira vez que a lei portuguesa condena uma pessoa em consequência do racismo. A mulher que agrediu nossos filhos – que são crianças – foi condenada a oito meses de prisão. Logo, estamos muito confiantes na Justiça Portuguesa e somos também gratos aos nossos advogados portugueses Rui Patrício e Catarina Mourão que sempre nos fizeram acreditar que a justiça seria feita", escreveram.
De acordo com a revista Brasil Já, Adélia Barros foi condenada com pena suspensa de quatro anos. Ou seja: não vai para a cadeia agora, mas se cometer o mesmo crime até 2028 ou se descumprir alguma medida da sentença passa a cumprir a prisão em regime fechado. A condenada ainda vai ter que doar 2,5 mil euros (cerca de 15 mil reais) à plataforma antirracista portguesa SOS Racismo, pagar uma indenização de 14 mil euros (85 mil reais) às vítimas por danos morais e se subemeter a um tratamento para alcoolismo, já que a defesa apontou a doença como motivo para a agressão.
Giovanna e Bruno celebraram a "vitória", mas sem deixar de chamar a atenção para problemas estruturais que envolvem crimes de racismo. "Sabemos que essa vitória acontece por termos visibilidade e por sermos brancos. Sabemos que somos mais ouvidos que quaisquer mãe ou pai negros que ainda são silenciados. Sabemos. E não podemos parar – principalmente se o nosso privilégio fizer diferença numa luta. É esse o nosso papel, é esse o papel da branquitude", escreveram.
Os atores ainda acrescentaram que todos precisam "seguir vigilantes pois o racismo SEGUE, segue diminuindo, ferindo, matando. E não podemos esmorecer diante dele".
caroline.ribeiro@dn.pt