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Afeto Literário: o clube do livro brasileiro que quer abraçar Portugal
Patrícia Cerutti realiza a maior parte dos encontros do clube na marina de Oeiras. Foto: Leonardo Negrão / Global Imagens.

Afeto Literário: o clube do livro brasileiro que quer abraçar Portugal

Patrícia Cerutti, gaúcha de 55 anos, criou o clube na pandemia. Aos poucos, o número de participantes foi crescendo e, hoje, há eventos frequentes em várias zonas de Lisboa.

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por DN Brasil

Texto: Caroline Ribeiro

Era um dia de sol que pedia pé na areia, mas alguém caminhava pelo calçadão da marina de Oeiras com livros nas mãos. Central Park, do francês Guillaume Musso; Marés de Setembro, do português Pedro Chambel; Mulherzinhas, da americana Louisa May Alcott; e Baleias, Bromélias e Outras Naturezas, da brasileira Katia Bandeira de Mello, entre a seleção. A cena é recorrente, já que Patrícia Cerutti organiza por lá a maior parte dos eventos do clube do livro que criou.

A gaúcha é o próprio reflexo do nome do seu projeto: Afeto Literário. Sorriso estampado no rosto, gentileza nas palavras, abraço forte. Há seis anos em Portugal, mudança em que trouxe toda a família, o clube nasceu com a pandemia.

"Eu aqui e minha cunhada no Brasil, que também é uma leitora voraz, criamos um perfil no Instagram para falar de livros. Só que aí a coisa começou a crescer, começaram a chegar mais brasileiras e não parou mais. E aí um dia, faz três anos, eu resolvi fazer um café. Eu disse: meninas, tô indo tomar um café com uma outra amiga lá em tal lugar. No dia, a surpresa. Apareceram 15 mulheres. Eu disse: ai, gostei dessa brincadeira, vamos fazer um café todo mês?", conta ao DN Brasil.
A marina de Oeiras recebe grande parte dos eventos do Afeto Literário. Foto: Leonardo Negrão / Global Imagens.

Pouco mais de um ano depois da criação do perfil no Instagram, a cunhada de Patrícia preferiu não continuar. "Mas eu resolvi continuar brincando", diz, bem-humorada. O sucesso do clube do livro acontece naturalmente, enquanto a gaúcha, que é professora, continua exercendo a profissão, agora como "explicadora", como são chamados os tutores de reforço escolar em Portugal. A área de formação dela? Nada de literatura, letras, o que seria de se esperar. A brasileira ensina física e matemática, a parte mais exata da vida de uma mulher que sempre amou a humanidade dos livros.

"Sempre li muito e sempre gostei de ler. Quando eu vim pra cá, eu comecei a ler mais ainda. E veio essa necessidade do grupo se conhecer, se encontrar", diz.

Hoje, o Afeto Literário realiza um café mensal "em que a gente fala de tudo, até de livros! A gente fala do marido, dos filhos, do papagaio, do cachorro, e de livros. No final, sempre paro um pouquinho, falo do que eu tô lendo, pergunto se alguém tem alguma dica pra dar, tá lendo alguma coisa legal. Mas o café é uma coisa muito descontraída. Saímos de lá com dica de médico, dica de manicure, tudo que você pode imaginar".

Também uma vez por mês, Patrícia convida um autor para um bate-papo na Déjà Lu, em Cascais, uma livraria solidária que reverte o valor de venda para a instituição Trissomia 21. "Podem ser autores brasileiros, portugueses, o que cair no meu colo, ou o quem eu tiver a cara de pau de convidar, que não me falta!". E realiza o encontro oficial de Clube do Livro, em que escolhe previamente o livro a ser lido e informa os participantes.

Há, ainda, várias iniciativas mais pontuais. Agora, no verão, a estrela é o PicLivros, que reúne a turma do clube para um piquenique no parque Marechal Carmona, em Cascais, com cada participante contribuindo com alguma delícia a ser partilhada e "surpresas" que Patrícia "invento na hora, porque inventar é meu nome!".

Depois de três anos de atividade, o reconhecimento pelo trabalho com o Afeto começa a chegar. Patrícia tem sido convidada para mediar debates em grandes eventos, como a Feira do Livro de Lisboa, tem sido contactada por editoras para fazer parcerias, intermedia contato de autores brasileiros com portugueses e expande a zona de atuação, aos poucos. Da região de Oeiras e Cascais, já organizou atividades em Lisboa, foi chamada para montar a programação literária do Hotel Lawrence, em Sintra, durante um ano, o hotel em que o escritor Eça de Queiroz se hospedava, e vai levar autores para uma mesa no Folio, o festival literário de Óbidos.

Nada mais adequado para quem quer "abraçar" Portugal. "A minha marca registrada é um abraço muito apertado. Quem chega no grupo sempre diz que se sente acolhido. Tem gente que diz assim 'eu preciso do afeto do grupo'. Porque não sou eu, é o grupo que é assim", diz a brasileira, com o convite: "posso te convidar para um café?".

caroline.ribeiro@dn.pt

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