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Abreviando distâncias: brasileira canta poemas em forma de música para aproximar países que falam português
Isabella Bretz mora em Portugal desde 2014. Foto: Raquel Pellicano.

Abreviando distâncias: brasileira canta poemas em forma de música para aproximar países que falam português

Em julho deste ano, o trabalho de Isabella Bretz ganhou mais asas. A companhia aérea portuguesa TAP incluiu o álbum na lista de opções nos voos que disponibilizam mídias aos passageiros.

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por DN Brasil

Texto: Caroline Ribeiro

A formação em Relações Internacionais fez com que Isabella Bretz tivesse certeza que as fronteiras para seu trabalho não seriam apenas as do Brasil. Em 2014, depois da graduação e de uma especialização em Direito Internacional, a mineira desembarcou em Portugal, com a família, para apostar no desejo de trabalhar fora e vivenciar outras culturas. Foi aqui que jovem entrou de cabeça no segmento que uniu o seu lado profissional com uma paixão, até então, reservada: a música.

Aos 15 anos, Isabella começou a aprender violão e a praticar o canto, tudo de forma autodidata. Em 2012, ainda em Belo Horizonte, conseguiu gravar um disco com composições autorais, sem pretensões artísticas, e usando o estúdio de um vizinho "em horários malucos", conta, rindo, ao DN Brasil.

"Eu só queria gravar as músicas para mim emeio que realizar um sonho mesmo, de ver essas músicas existindo para além do meu quarto. Ele me fez um super desconto e eu usaria o estúdio nos momentos que ele não estivesse sendo usado. Por exemplo, de oito da noite até duas da manhã. E foi assim que a gente gravou esse disco, nesse horário completamente maluco. Durante esse processo, que acabou levando muito mais tempo do que eu previa, eu me apaixonei completamente pela música, pelo processo de gravação e por aquela arte. Abandonei a ideia de um mestrado e resolvi seguir carreira artística desde então", diz.

Alguns anos depois, Isabella teve a ideia de musicar um poema do autor português José Luís Peixoto e compôs uma melodia para "Na hora de pôs a mesa, éramos cinco". A canção foi apresentada ao escritor, que não só aprovou o material como incentivou o trabalho da brasileira.

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"Eu achei a experiência muito interessante e queria repetir com outros escritores. Tive a ideia de fazer com os países que falam português, que eu não conhecia nada, nada da literatura, naquele momento, desses países, então vai ser uma oportunidade para eu mesma aprender. E quero que sejam todos autores vivos, porque eu quero ter essa troca com eles também. E foi assim, aí nós gravamos o disco", conta, sobre o processo de criação de "Canções para abreviar distâncias", lançado em 2017.

O disco traz oito poemas em forma de música, dos autores Adélia Prado (Brasil), José Luís Peixoto (Portugal), Mia Couto, (Moçambique), Conceição Lima (São Tomé e Príncipe), Vera Duarte Pina (Cabo Verde), Odete Semedo (Guiné-Bissau) Ana Paula Tavares (Angola) e Crisódio T. Araújo (Timor-Leste).

Com o seu "olhar para o mundo" apurado, Isabella enxergou no produto uma oportunidade. "Eu, tendo estudado Relações Internacionais, eu não conhecia nada dos países de língua portuguesa, eu não tive nenhuma disciplina sobre CPLP no meu curso. Ficava até um pouco inconformada assim com essa distância, sabe? E aí comecei a fazer várias atividades e mandar propostas para alguns lugares, outros começaram a me descobrir. Tem uma professora lá na Califórnia que descobriu o meu disco e entrou em contato comigo. Já tem cinco anos que, na aula de português dela, todo o programa do semestre é baseado nesse disco, é incrível".

Consciente de que a língua portuguesa tanto une, quanto separa, especialmente neste momento, em que atos de xenofobia tem ganhado força em países europeus, como Portugal, a brasileira destaca que "esse projeto não é só celebrativo, busca trazer também a crítica e o debate".

"Em Portugal, especificamente, eu gosto muito de trabalhar a discussão sobre o ser lusófono. Aqui não tem tanto essa abordagem de internacionalização da língua. Eu acho que a grande ferida da lusofonia é lidar com as consequências da colonização. Nós ainda temos, e vamos ter por um bom tempo, muitas feridas. Então eu acho que é um trabalho que pode ser uma ferramenta para promover essa diversidade, por um lado, e ser um espaço para a gente conversar sobre as nossas feridas também". completa.

Em julho deste ano, o trabalho de Isabella ganhou mais asas. A companhia aérea portuguesa TAP incluiu o álbum na lista de opções nos voos que disponibilizam mídias aos passageiros. Para a artista, é mais uma conquista rumo a dois objetivos principais. "Nesse momento, quero apresentá-lo no mundo como uma ferramenta de ensino da língua portuguesa e da cultura lusófona. E também avançar no meu próprio estudo, que vai unir a diplomacia cultural a esse projeto", conta a brasileira que, em 2023, também foi uma das selecionadas pelo programa Ibermúsicas para uma bolsa de pesquisa.

caroline.ribeiro@dn.pt

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