O que há de bom: as dicas culturais do fim de semana do DN Brasil
Shows que celebram a lusofonia e dica para o Ano Novo estão entre os destaques da coluna.
Texto: Nuno Tibiriçá
Chegou a última quinta-feira do ano e, assim, a última edição da agenda cultural do DN Brasil em 2024. Para o derradeiro final de semana do ano, destaque para shows que celebram a lusofonia, com artistas de Brasil, Portugal e Cabo Verde se apresentando em Lisboa nos próximos dias.
Fica a nossa torcida para que, em 2025, a integração entre os povos se fortaleça, trazendo paz e harmonia para a vida de todos e todas imigrantes que escolheram Portugal para construir a vida. É sempre bom lembrar que conhecer a cultura, a gastronomia e os hábitos do lugar para onde se mudou é passo fundamental para esta tal integração com uma nova realidade. Este, aliás, foi o objetivo do que escrevi aqui ao longo do ano: mostrar o que Lisboa, esta cidade que tem cada vez mais se caracterizado por um meio multicultural, tem de melhor.
Sem mais delongas, a edição semanal da O que há de bom está no ar!
Nega Lizzy no Tokyo
Comecemos com Cabo Verde. Já nesta quinta-feira (26), a partir das 22h, o Tokyo Lisboa, situado na região do Cais do Sodré, recebe a performance da cantora cabo-verdiana Nega Lizzy. Artista de intervenção, que tem em seu trabalho e ações fora dos palcos a defesa de valores e causas como a igualdade de gênero, a causa LGBTQIA+, a liberdade de expressão, a erradicação da fome, a valorização da cultura africana e a emancipação feminina, ela apresenta o seu novo álbum, Conexão. Em sua obra musical, Nega Lizzy transita entre gêneros como o hip-hop, o rap e afro-pop. Ingressos ainda disponíveis!
Onde? No Tokyo Lisboa (Rua Nova de Carvalho, 10, Lisboa)
Quando? Quinta (26), às 22h30
Quanto? €6, disponíveis neste link.
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Forró do Piano no Clube B.leza
Já na sexta-feira (27), é dia de forró para os lados do Cais do Sodré. O Clube B.leza, histórica casa de shows da capital portuguesa, abre as portas para o grupo Forró do Piano, formado por talentosos brasileiros radicados em Portugal. O show começa às 21h30 e, antes disso, o grupo ainda promove um aulão de forró com a professora Yse Góes. O DJ Pastel abre e encerra a discotecagem do evento que promete muito xote madrugada adentro.
Onde? No Clube B.leza (Cais Gás 1. Lisboa)
Quando? Sexta (27), às 21h30
Quanto? €10, disponíveis neste link.
Paulo de Carvalho no CCB
Para fechar as dicas de shows do fim do semana, fica aqui uma recomendação especial: em ano que em Portugal ficou marcado pelo cinquentenário da Revolução dos Cravos, um show no Centro Cultural de Belém (CCB), encerra 2024 com um dos principais símbolos artísticos do 25 de Abril. O cantor e compositor português Paulo de Carvalho, autor da música E Depois do Adeus, uma das senhas da revolução, se apresenta no CCB no domingo.
O espetáculo promete emocionar o público lusitano e pode ser uma boa oportunidade para você, brasileiro ou brasileira, que quer conhecer mais da música popular portuguesa. Se tiver interesse, é correr: ingressos já estão quase esgotados!
Onde? No Centro Cultura de Belém (Praça do Império. Lisboa)
Quando? Domingo (29), às 21h
Quanto? €25 - €30. Disponíveis neste link.
Festa de Ano Novo na Fábrica Braço de Prata
O fim de semana na Fábrica Braço de Prata será de preparação para o que vem aí na próxima terça-feira. E já que esta é a última coluna do ano, vale uma "roubadinha" e dar uma dica, não para o fim de semana, e sim para a próxima terça-feira, justamente o último dia do ano. A festa O Mundo, promete ser uma das principais atrações de ano novo em Lisboa, com uma programação cultural que vai até às 6h da manhã e inclui uma feira gastronômica com comidas de 16 diferentes países. Mais detalhes aqui!
Onde? Fábrica Braço de Prata (Rua Fábrica de Material de Guerra, 1)
Quando? Terça-feira (31), a partir das 22h.
Preço: €15 - €55. Disponíveis neste link.
Extra: a dica gastronômica da semana
Estrela d'Ouro
Na semana passada recebi a visita de uns amigos que moram na Argentina e vieram passar férias em Lisboa. Foi quando estávamos conversando à porta do meu restaurante favorito da cidade que um deles me perguntou quando e porquê eu tinha começado a escrever sobre comida - duas semanas atrás, inclusive fiz minha defesa de mestrado acerca da crítica gastronômica na era digitalizada dos jornais. Respondi a pergunta do meu amigo apontando para o restaurante: o Estrela d'Ouro.
Cerca de três anos atrás, quando visitei o Estrela pela primeira vez, senti uma conexão com o espaço, as pessoas e a comida no lugar rara de sentir na vida. Na época, eu colaborava na editoria de esporte de um outro jornal, e a gastronomia estava longe de ser um foco do que pensava para o meu trabalho como jornalista. Aquele jantar mudou tudo.
Em setembro de 2021, comecei uma busca frenética pelas melhores tascas de Lisboa, atrás da melhor versão do prato que, à época, era o meu favorito em Portugal, o bitoque. Encontrei alguns bitoques melhores do que o do Estrela nos últimos anos, mas nunca cheguei a encontrar tasca que represente melhor a comida portuguesa ou na qual tenha sido tão bem recebido.
Localizado na rua da Graça, numa daquelas regiões que é das mais charmosas de toda Lisboa, o Estrela é um restaurante pequeno, diria que tem espaço para no máximo 20 pessoas. Importante reservar, embora também não seja má opção ficar um pouco à espera na parte de fora do restaurante, especialmente se o Nuno, meu xará e proprietário da casa, levar ali uns croquetes, pastéis de bacalhau e cervejinhas para enganar a fome.
Falando em comida, nesta minha última visita ao Estrela cheguei tarde demais e, por ser antevéspera de Natal, o Nuno não tinha se preparado para tantos clientes. Mesmo sem bitoques, bifes do lombo, costeletas de cordeiro e alheiras, o que ainda havia no menu foi suficiente para mais uma refeição 5 estrelas, com o perdão do trocadilho.
Pedimos filetes de peixe frito com arroz de feijão, garoupa grelhada e vitelinha assada: um melhor do que o outro. Não sei se algum destes bate o coelho à caçador, o meu prato favorito do Estrela e que é usualmente preparado aos sábados. Mas me fez pensar que, realmente, é a melhor tasca que conheço. Não há absolutamente nada que tenha comido no Estrela nos últimos três anos que não tenha adorado.
Isso sem contar, claro, toda a experiência do lugar, da entrada ao digestivo e a receptividade e simpatia do proprietários e funcionários da casa, que abrem as portas do Estrela com a mesma alegria e disponibilidade para quem ali entra. É o que Lisboa tem de melhor.
Que 2025 seja repleto do espírito que uma visita àquela tasca traz. E claro, que seja repleto de muitas e muitas mais refeições no glorioso Estrela d'Ouro.
Onde? No Cardoso da Estrela d'Ouro (Rua da Graça 22. Lisboa)
Preço: €15 -€20
Até ano que vem!
nuno.tibirica@dn.pt