O que há de bom: as dicas culturais do fim de semana do DN Brasil
Rota de shows em associações culturais da capital e arredores e dica de restaurante para quem quer uma boa "comida de tacho" portuguesa estão entre os destaques da coluna.
Texto: Nuno Tibiriçá
Chegou mais uma quinta-feira em Lisboa e com ela as nossas já tradicionais dicas culturais para o seu fim de semana na capital e arredores. Entre as principais atrações para os próximos dias, destaque para a programação musical em alta em diversas associações culturais de Lisboa. Inspirado por uma recente ida deste colunista à Serra da Estrela, a dica gastronômica é para quem procura uma legítima "comida de tacho" portuguesa na cidade.
A edição semanal da O que há de bom está no ar!
Álvaro Lancellotti na Bota
O artista brasileiro radicado em Lisboa Álvaro Lancellotti apresenta neste sábado na Base Organizada Toca das Artes - Bota, nos Anjos, o seu mais recente álbum Arruda, Alfazema e Guiné. Lancelloti terá ao seu lado os músicos Bartolo (guitarra), Felipe Azevedo (percussão) e Miguel Menezes (baixo acústico) para apresentar as 12 canções do álbum - que também teve a participação de Mateus Aleluia - além de outras faixas do seu projeto Roda de Santo.
Onde? Na Bota Anjos (Largo Santa Bárbara 3 D. Lisboa)
Quando? Sábado (21), às 21h
Quanto? €10
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Antônio Villeroy na Casa do Comum
No mesmo dia, no mesmo horário, outro artista brasileiro fará um show em Lisboa. Trata-se do cantor e compositor Antônio Villeroy, que ao longo dos seus mais de 40 anos de carreira compôs cerca de 300 canções, interpretadas por artistas como Ana Carolina, Gal Costa, Maria Bethânia, e até internacionais como John Legend.
No sábado, Villeroy se apresenta na Casa do Comum, simpático espaço artístico no Bairro Alto, em show que promete trazer uma mistura entre gêneros musicais como o samba, a bossa nova e a milonga. Se não conseguir ir ao show, vale visitar a Casa do Comum em outro horário no sábado ou até no domingo para um passeio e o mesmo vale para a Bota!
Onde? Na Casa do Comum (Rua da Rosa, 285. Lisboa)
Quando? Sábado (21), às 21h
Quanto? €10
Espírito Nativo na Fábrica Braço de Prata
Já que estamos em ritmo de associações culturais de Lisboa, não poderia faltar uma atração na Fábrica Braço de Prata. Nesta semana, destaco a banda Espírito Nativo, que promete adentrar a madrugada de sábado com uma mistura para chamar a atenção dos fãs de música latina. Na sexta-feira, a partir das 23h30, o grupo formado por Jacqueline Mercado, Rui Meira, Denys Stetsenko e Iúri Oliveira percorre do México à Argentina trazendo ritmos como Chacarena, Festejo Peruano, Huayno, Jorobo e Son Cubano, unindo os tons latinos com tradições africanas e indígenas. Ficou curioso? Vai conferir na Fábrica.
Onde? Fábrica Braço de Prata (Rua Fábrica de Material de Guerra, 1)
Quando? Sexta (20), às 23h30
Extra: a dica gastronômica da semana
Adega da Tia Matilde
Essa semana me refugiei por alguns dias na simpática e quase inóspita Penhas da Saúde, situada em plena Serra da Estrela, ponto mais alto do país, no centro de Portugal, onde nesta época do ano quem reina é o frio. Embora não tenha pegado propriamente neve, o tempo gélido estava mais do que propício para fazer aquilo que mais gosto: passear para esquentar o corpo e comer para esquentar o coração.
A especialidade da região é o mais do que conhecido queijo da serra, o qual degustei em praticamente todas as refeições, assim como o presunto serrano. Mas foi no restaurante Varanda da Estrela, ali mesmo nas Penhas da Saúde, onde comi um arroz de zimbro, que me veio a mente uma casa de Lisboa que trago aqui como a recomendação desta semana na coluna: a Adega da Tia Matilde.
O restaurante que fica no Bairro do Rêgo, não muito longe da Praça da Espanha, é um clássico lisboeta. Me lembrei dele ali na Serra da Estrela porque o que era servido por lá era parecido com as especialidades da Tia Matilde no sentido da "comida de conforto", que em Portugal é quase um sinônimo para o que é chamado de "comida de tacho", aquela refeição que fica horas apurando sabor numa panela.
Na Serra, as especialidades serranas incluíam javali ou carneiro. Já aqui em Lisboa, os carros-chefes da Adega da Tia Matilde - que ficou famosa também por ser o restaurante favorito de Eusébio, um dos maiores futebolistas portugueses de sempre - são pratos como o cozido, o arroz de pato e o meu favorito: o arroz de cabidela.
É um prato polêmico na mesma medida que é saboroso. Feito com o sangue da galinha, o arroz de cabidela é facilmente estragado se os cozinheiros não acertarem a mão no vinagre, que é usado para o sangue não coagular, mas que se, exagerado, toma muita conta do prato: não é o caso do cabidela da Tia Matilde, que, equilibrado, molhado e carnudo, ou seja, com muitos nacos de galinha, garante uma refeição sólida.
E se no arroz de cabidela o pessoal capricha na galinha, não é diferente com o arroz de pato, como pode ser visto na imagem acima. As doses bem servidas no restaurante fazem com que eu discorde da maioria das pessoas que consideram a Adega da Tia Matilde um restaurante caro. Entre quatro pessoas, é possível dividir estes dois pratos com tranquilidade. Se pedir duas entradas, e existem boas opções como as pataniscas de bacalhau, as gambas ou os peixinhos da horta, talvez um prato principal chegue.
Nas sobremesas, destaco a tarte folhada de maçã, que como uma boa tarte - já dizia o personagem de Christopher Waltz em Bastardos Inglórios - vem servida com creme. E claro, se o nome é Adega da Tia Matilde, o que não falta é uma extensa carta de vinhos.
No mais, tive até que voltar alguns meses atrás aqui na coluna para ver se nunca tinha escrito sobre a Adega da Tia Matilde. É sem dúvidas um dos restaurantes mais tradicionais de Lisboa: Eusébio por toda a parte, comida típica e de tacho, bom vinho e uma aura tradicionalmente lusitana que só visitando para entender. Vale!!
Onde: Na Adega da Tia Matilde (R. da Beneficência 77. Lisboa)
Quanto? €15 - €30
nuno.tibirica@dn.pt