Novo relatório mapeia desinformação sobre imigração e discursos de ódio
Um novo relatório mapeia os casos de xenofobia e racismo noticiados pela imprensa em 2024. A análise foi realizada com base na cobertura de quatro jornais: Diário de Notícias, Expresso, Observador e Público. A iniciativa é do projeto Projeto é da Casa do Brasil, através do Migra Myths.
As pesquisadoras encontraram 22 notícias relacionadas a episódios de racismo e xenofobia e 19 sobre denúncias de racismo/xenofobia. O mês de maio foi o mês com mais incidências e há uma razão para isso. Em maio de 2024, aconteceram uma série de ataques contra imigrantes na região do Porto.
Notícias que destacam o crescimento do racismo em Portugal e na Europa somam 18, seguidas de 14 notícias relacionadas com as manifestações ou movimentos a favor da imigração/contra o racismo/xenofobia.
Uma das conclusões é que "a cobertura de notícias parece estar concentrada em eventos negativos (denúncias e episódios de racismo)". Segundo Ana Paula Costa, presidente da Casa do Brasil e doutoranda com trabalhos acadêmicos na área de imigração, o conteúdo do relatório alerta para a importância de existir uma lei que efetivamente puna os casos de racismo, xenofobia e demais crimes de ódio.
"Uma das coisas fundamentais é haver uma legislação específica para o discurso de ódio e que contemple todas as questões atuais de propagação, tanto no meio online, nas plataformas, como no meio físico, na vida das pessoas", diz ao DN Brasil. Atualmente, existe uma iniciativa para que Portugal tenha um lei que efetivamente criminalize casos de racismo e xenofobia. Foi aberta uma consulta pública que precisa reunir 20.000 assinaturas para que seja discutida no Parlamento. Até agora, o pleito possui cerca de 8.600 assinaturas. "O racismo tem que ser crime", apelam os criadores da iniciativa.
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O relatório também fez o monitoramento de três grupos do Telegram que propagam discurso de ódio. "Nos três casos, os termos utilizados pelos participantes indicam uma visão hostil à democracia, promovendo ideias revisionistas em relação à história recente de Portugal.Verificou-se um fator de ressentimento social, com narrativas sobre a alegada 'dependência' dos imigrantes dos apoios sociais, promovendo uma falsa dicotomia entre “portugueses trabalhadores” e 'estrangeiros beneficiários' do Estado social", destaca o documento.
Outra conclusão é que "estes canais representam uma ameaça crescente à coesão social e à democracia em Portugal. A sua retórica visa deslegitimar o Estado democrático, promover o medo e o ódio contra imigrantes, e construir uma identidade nacional excludente baseada em mitos raciais e históricos. A atuação destes grupos no Telegram aponta para a necessidade urgente de políticas públicas que combatam a desinformação, promovam a literacia digital e garantam a responsabilização por discursos de ódio e criminalização do racismo".
amanda.lima@dn.pt