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Diferenças de lá e de cá, para ler e descontrair

Nossa repórter Caroline Ribeiro compartilha pequenas diferenças de hábitos e costumes entre Portugal e Brasil, que geram dúvida, mas também algumas risadas.

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por DN Brasil
Diferenças de lá e de cá, para ler e descontrair
Chegar no restaurante e ir direto pra uma mesa? Nem pensar. Foto: Leonel de Castro/Global Imagens

Texto: Caroline Ribeiro

Pessoalmente, gosto muito de perceber os diferentes costumes e hábitos que existem pelo mundo. Se em Fortaleza, minha cidade natal, ainda podemos entrar em um restaurante, sentar e chamar o garçom com um grito de "meu joia, aqui!", nos países europeus pelos quais já passei isso é inimaginável.

Em Portugal, onde vivo há quase nove anos, os "empregados de mesa", como são chamados geralmente os garçons, ou um recepcionista designado, costumam ser ágeis para sentar os clientes que seguem à risca a etiqueta. Temos que chegar, aguardar na entrada, no local em que normalmente vai estar escrito "espere aqui" e seguir o caminho indicado quando a nossa mesa for preparada. Mesmo no caso de haver uma reserva, a conduta é igual. E se há alguém que apenas chega e senta em qualquer lugar, é capaz de ser severamente ignorado, até decidir ir embora.

Sinto falta de apenas levantar a mão e falar alto "meu querido, por favor!" (dá certo em alguns estabelecimentos pequenos), mas confesso que, agora, levo o hábito adquirido comigo quando visito Fortaleza. Afinal, viver entre lá e cá exige adaptação constante e sou do time que considera que dá para adotar algum costume de onde se vive sem deixar as raízes de lado.

Abaixo, deixo exemplos de algumas pequeninas diferenças que encontrei por cá e que podem gerar leve confusão nos recém chegados. Mas levem na esportiva, com o tempo a gente se acostuma.

  • TU - VOCÊ

Costumamos ter o pronome "você" como algo mais suave, até mais educado (salvo diferenças regionais, afinal o Brasil é enorme), mas em Portugal é o inverso e não há margem: você é para conversas formais; tu é apenas para quem conhecemos, já temos um mínimo contato, ou então quando a própria pessoa indica: "podes tratar-me por tu". As novas gerações até têm subvertido essa ordem, principalmente com o grande consumo de conteúdos de influencers brasileiros, o que causa grande comoção nos mais velhos. "Hoje, ouvi uma miúda (menina) a tratar a mãe por você! Ora onde é que vamos parar?!" - diálogo real ouvido por mim.

  • TERCEIRA PESSOA

Ainda relacionado às formas de tratamento, é muito comum que, no diálogo formal, os portugueses usem a terceira pessoa para se referir a alguém com quem conversam. Exemplo: liguei hoje para pedir uma entrevista com uma professora e ouvi a pergunta "mas a Caroline pretende marcar para quando?". A pessoa falava comigo usando o meu próprio nome no lugar do "você". Esse hábito me deixa confusa até hoje.

  • INTERRUPTOR DOS BANHEIROS

Acender a luz do banheiro é sempre antes de entrar, já que os interruptores ficam fora, ao lado da porta. Pela minha experiência, esse se aprende rápido, e a partir daí você vai sempre bater a mão involuntariamente na parede de qualquer banheiro no Brasil querendo acender a luz antes de entrar. Assim como...

  • JOGAR PAPEL NA PRIVADA

Sim, via de regra, não tem lixeiro nos banheiros por aqui. O papel vai pro sanitário e desce com a descarga. Quando é pra colocar no lixo vai ter sempre um papel dizendo "não jogar papel na sanita". Essa é pra enlouquecer os encanadores do Brasil. Pelo menos lá em casa (Fortaleza), não tem uma vez que eu vá que não entupa algum banheiro. Desculpa, pai!

  • TIRAR FÉRIAS NO VERÃO

Outro grande choque cultural são os papéis colados nas portas dos estabelecimentos dizendo "fomos de férias, voltamos em...". Praticamente todo mundo tira alguns dias de descanso quando o verão começa (na Europa, amanhã, 20 de junho) e os estabelecimentos realmente ficam fechados. Restaurantes, bares, lojas, cabeleireiros, não importa. O verão é sagrado!

  • ESTACIONAR NA CALÇADA

É comum ver nas calçadas (aqui chamadas de passeios) os carros estacionados, principalmente nos bairros e zonas residenciais. Se não tem vaga para todos, dá pra dar um jeito. Em Belém, um dos bairros mais conhecidos de Lisboa, a prática até foi "legalizada" pelas autoridades municipais. É uma infração de trânsito, mas está liberado...

Espero ter contribuído para o crescimento cultural de alguém, ou, no mínino, garantido algumas risadas. A vida é melhor assim!

caroline.ribeiro@dn.pt

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